Se há dúvidas sobre como situações-problema, em espaços socialmente vulneráveis, podem ser resolvidas a partir da cultura de educação, então O Menino que Descobriu o Vento, filme disponível na Netflix, enuncia quão grandioso é o conhecimento. A produção conta a história de William Kamkwamba (Maxwell Simba), um menino que decide ajudar seu pai e outros fazendeiros num vilarejo no Malawi, África, após dificuldades na colheita.
Para contextualizar a situação do Malaui, o filme perpassa pelo desenvolvimento do agronegócio e das indústrias, aliados à crescente indiferença política com relação a quem depende da agricultura familiar. E é diante desse impasse, resultante numa comunidade sendo tomada pela fome, que William conta com o auxílio de um livro de ciências na construção de uma bobina eólica para salvar as produções da comunidade onde vive.
Com direção de Chiwetel Ejiofor, em sua estreia nos longas, O Menino que Descobriu o Vento consegue tocar por diferentes nuances, da situação política, econômica e social que vive a aldeia em que os personagens vivem até às descobertas realizadas pelo menino a partir do conhecimento. Cheio de sensibilidade, o diretor de fotografia Dick Pope aproveita a realidade árida que paira sobre a aldeia para compor imagens emocionantes e fidedignas de uma época sem colheita.
Ainda que o final do filme seja brevemente apontado, mesmo na sinopse presente na Netflix, vale a pena conferir essa obra de arte que revela o poder da educação como solução às mazelas da fome numa sociedade, desde que o acesso seja dado. Além disso, o longa revela o poder da cultura e da tradição que mantém a aldeia viva, visão que se deve ter sobre povos e comunidades que dependem de suas práticas ancestrais para sobreviver.
