Raras vezes se pode assistir a um filme que enxergue com sensibilidade questões na negritude, principalmente no que refere à mulher. Pois bem, conseguiram. Felicidade por um Fio, na Netflix, traz à tona uma série de discussões plausíveis sobre identidade, reconhecimento, aceitação.
O filme conta a história de Violet Jones, uma mulher negra bem sucedida e com a vida aparentemente perfeita, mas que perdia muito tempo de sua vida ao acordar todos os dias mais cedo para alisar seus cabelos. Numa das cenas – alerta de spoiler -, ainda menina, Violet é censurada pela mãe ao entrar na piscina e ter colegas zombando da aparência de seu cabelo crespo.
Aos poucos, conforme o cabelo da protagonista sofre com o uso de um produto inadequado, ela passa por uma série de mudanças que a fazem se reconhecer e se aceitar. Assim como para quem passou pelo big chop, a personagem vive fases dolorosas para se aceitar no novo cabelo, que passa por alguns períodos – peruca, careca, crescendo e assim por diante.
Como se não bastasse a crítica sobre o racismo que afeta a autoestima de homens e mulheres negras, principalmente com relação ao cabelo crespo, o longa traz ainda a realidade de áreas como a Publicidade, com o que Violet trabalha há muito tempo, mas é detida quando tenta mudar o machismo que impera ao lado do racismo nas propagandas.
Não para por aí! O filme consegue abordar ainda a solidão da mulher negra quando expõe os relacionamentos amorosos de Violet. Existe também a reprodução do racismo sobre o cabelo crespo pela própria mãe da protagonista, também vítima de um sistema que prega a beleza branca. Por fim, a identidade negra na infância também é trabalhada, ao lado de questões sociais também muito sensíveis.
Assistam!