fbpx
19.5 C
São Paulo
terça-feira, 03 outubro 2023
HomeTeatro'AMÉFRICA: Em três atos', do Coletivo Legítima Defesa, elabora as confluências negras...

‘AMÉFRICA: Em três atos’, do Coletivo Legítima Defesa, elabora as confluências negras e indígenas

Com dramaturgia de Claudia Schapira (Ato 1), Aldri Anunciação (Ato 2) e Dione Carlos (Ato 3), coletivo paulistano trata das trajetórias negras e indígenas a partir de seus próprios legados, trazendo à tona narrativas soterradas pela herança colonial; estreia acontece no Teatro do Sesc Pompeia, no dia 18 de agosto, com temporada até setembro.

No termo cunhado pela intelectual negra mineira Lélia Gonzalez ‘amefricanidade’ é a experiência comum de mulheres e homens negros na diáspora e à experiência de mulheres e homens indígenas contra a dominação colonial. O tema se refere às sabedorias e às experiências negras e indígenas no continente americano, se aproximando ao quilombismo de Abdias Nascimento.

“Azeviche”, o álbum de estreia de Ana Cacimba, traz temas como afrocentrismo, feminilidade e afetividade

O conceito de Lélia serve de livre inspiração, e as artes de Abdias disparam a iconografia do novo espetáculo do coletivo Legítima Defesa. AMÉFRICA: Em Três Atos, tem estreia e temporada no Teatro do Sesc Pompeia, de 18 de agosto a 18 de setembro de 2022 – quintas, sextas e sábados às 20h, e domingos às 18h. Os ingressos custam de R$ 12 a R$ 40.

A realização é do Coletivo Legítima Defesa e convidades e tem a direção de Eugênio Lima. No palco estão os integrantes do coletivo – Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Tatiana Rodrigues Ribeiro, Fernando Lufer, Nádia Bittencourt, Eugênio Lima, Luan Charles e Marcial Macome – além da atriz convidada Janaína Silva e da participação (em vídeo) de Hukena Yawanawa e Antônio Pitanga.

No espetáculo, o Coletivo Legítima Defesa elabora de forma poética e política as confluências negras e ameríndias e seus desdobramentos sociais e históricos no Brasil. As trajetórias negras e indígenas em diálogo e em confluências permitem criar alianças a partir de seus próprios legados, trazendo à tona narrativas soterradas pela herança colonial. 

No dia 3 de setembro, das 16h às 18h, acontece uma Roda de Conversa Afropindorâmica (Confluência na Retomada), na Área de Convivência da unidade. Participam Cacique Babau, Antônio Nego Bispo, Tereza Onã e Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe,  com a mediação de Eugênio Lima e Majoí Gongora. 

Os Atos
Em três atos, AMÉFRICA tem uma narrativa fragmentada, porém complementar. O Ato 1: A Cicatriz Tatuada, que tem dramaturgia de Claudia Schapira, é um filme online que deverá ser visto previamente pelo espectador. O Ato 2: A Retomada, é uma peça-intervenção e foi escrita por Aldri Anunciação. O Ato 3: A Tempestade é assinado por Dione Carlos, e é uma intervenção performática, contra-narrativa, que une videoinstalação, música, dança, mixtape, teatro e performance.

Fazem parte da peça, ainda, intervenções em vídeo – com reproduções de falas de intelectuais e artistas, além de diálogos com outros artistas – como Jairo Pereira e Thereza Morena – e coletivos de teatro (Espiralar Encruza e O Bonde). 

“A ideia de ‘Confluência na Retomada’ é a própria metáfora do espetáculo, nossa função é localizá-la num espaço onde se revelam as tensões da nossa sociedade, na qual negros e indígenas ainda lutam para escapar do genocídio e do racismo estrutural, procurando recuperar a dignidade e a liberdade num sistema colonial que se atualiza constantemente”, explica o diretor Eugenio Lima.

Este projeto foi contemplado pela 13ª Edição do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.

Roda de Conversa
No início de 2022, os curadores, Majoí Gongora e Eugênio Lima conversaram com convidados de diferentes gerações de lideranças e artistas ameríndios. Foram três painéis de discussão sobre as questões relacionadas às sabedorias e às experiências ameríndias e quilombolas no continente americano, com transmissão online – os vídeos podem ser vistos no canal do YouTube.

Os encontros inspiraram a dramaturgia cênica, trazendo à tona trajetórias negras e indígenas a partir de seus próprios legados. Assim, as rodas foram uma amostra de outros imaginários possíveis sobre as experiências negras e ameríndias no Brasil, revelando narrativas soterradas pela herança colonial.

Com a estreia da temporada de AMÉFRICA: Em Três Atos, o Legítima Defesa retoma a troca, desta vez presencial. O evento acontece no dia 3 de setembro, sábado, às 16h, no Sesc Pompeia – a entrada é livre.

Participam: Cacique Babau (liderança dos Tupinambá da Serra do Padeiro), Antônio Nêgo Bispo (morador do Quilombo do Saco-Curtume, no Piauí, uma das principais vozes do pensamento quilombola no Brasil), Tereza Onã (mulherista pan africana) e Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe (liderança indígena), com a mediação de Eugênio Lima e Majoí Gongora.

Sinopse
O espetáculo AMÉFRICA: Em Três Atos fundamenta-se em uma narrativa épica/ fantástica criada a partir de histórias diversas sobre personagens presentes nos levantes históricos, nas cosmovisões e nas narrativas negras e indígenas, incluindo as diferentes práticas rituais e literaturas orais existentes no país. A partir da noção de Amefricanidade, cunhada por Lélia Gonzalez, do Conceito-ação de Retomada, dos Tupinambás da Serra do Padeiro e do Conceito de Confluência, elaborado por Antônio “Nego Bispo”, serão feitos contrapontos aos personagens da história oficial colonial no continente americano.

Compartilhe

Vinícius Gonçalves
Vinícius Gonçalves
Geminiano, viciado em tecnologia, filmes de terror e cinema.
- Advertisment -
- Advertisment -

MAIS LIDAS

COMENTÁRIOS RECENTES