(Re)conhecendo a Amazônia Negra: Povos, Costumes e Influências Negras na Floresta é um projeto fotográfico criado e executado por Marcela Bonfim que, desde 2011, um ano após sua chegada à Rondônia, percorre o espaço em que vive para disseminar a cultura dos quilombolas, barbadianos, haitianos e outros grupos negros.
Em entrevista ao Tarde Nacional na última quinta-feira (26), Marcela contou que ao sair de São Paulo e migrar para Rondônia, imaginou apenas selva e indígenas – fetiche que se tem sobre a rusticidade dos povos amazônicos. No entanto, a fotógrafa encontrou uma Amazônia mais urbana, acolhedora, segundo ela, até mais diversa que a cidade de pedra.
Documentário mergulha na diversidade da Amazônia Paraense
Sobre diversidade na religião, a fotógrafa conta que negros fundaram a primeira igreja batista de Rondônia, consolidando o evangelismo, mas também estabeleceram os primeiros terreiros com base no axé do Maranhão e do Pará, com influência nagô. Mas não para por aí: no norte do país, foi criado também o Santo Daime.
“O motivo de comprar uma câmera fotográfica era um pouco de solidão”, confessou Marcela, que chegou sozinha ao estado e encontrou a autoaceitação a partir do reconhecimento que a fotografia proporcionou. A mulher que antes se dizia “de cor”, puramente para não se autodeclarar negra, hoje quebra o projeto de degradação de uma raça que dura 500 anos.
O projeto Amazônia Negra, de Marcela se tornou, então, um movimento político nas artes visuais, através da disseminação do legado e contribuição do povo negro amazônico, formado por diferentes fluxos migratórios.
“A Amazônia mostrou a beleza que o negro tem”, disse a fotógrafa. Pelas lentes de Marcela Bonfim, o que é bonito fica também ancestral.
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