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terça-feira, 03 outubro 2023
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A foto que viralizou durante a Marcha das Mulheres contra Trump

Movimentação da marcha em Washington. Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP/Getty Images
Movimentação da marcha em Washington. Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP/Getty Images

Nos últimos dias, uma fotografia feita durante a Marcha das Mulheres contra Trump, em Washington, viralizou nas redes sociais. A expressão de uma mulher negra em meio às mulheres brancas durante o protesto deu um banho de conscientização a quem esquece facilmente do que é responsável.

Durante a manifestação, que contou com muitas mulheres brancas protestando, Angela Peoples (30), co-diretora da organização de igualdade LGBTQ GetEqual, usava um boné com os dizeres “Stop Killing Black People“ (pare de matar pessoas negras) e carregava um cartaz com um importante recado: “Don’t Forget: White Woman Voted for Trump” (não esqueça: mulheres brancas votaram em Trump).

Durante a marcha, Angela se aproximou de um grupo de mulheres brancas que usavam gorros cor-de-rosa e faziam selfies em meio ao manifesto. Foi então que seu namorado, Kevin Banatte, fotógrafo e estrategista digital, fez o clique que tornou possível a reflexão das mulheres brancas sobre a falta de organização do seu povo.

Chupando um pirulito, a mulher negra é retratada olhando ironicamente para outro lado do espaço, como quem não vê ninguém que está à sua volta. Mas o que Angela queria, na verdade, era lembrar a raiz histórica que permeia as decisões não só políticas, mas também sociais e culturais em seu país.

Angela Peoples segurando o cartaz. Foto: Kevin Banatte/Reprodução
Angela Peoples segurando o cartaz. Foto: Kevin Banatte/Reprodução

Em entrevista ao The Root, Angela Peoples declarou que, quando as mulheres brancas viam seu cartaz, imediatamente diziam “Não esta mulher branca” ou “Ninguém que eu conheça”, em resposta sobre quem votou em Donald Trump. Mas segundo ela, se 53% das mulheres brancas votaram em Trump, isso significa que alguém conhecido das manifestantes escolheu o empresário como chefe de Estado.

Diante da conscientização, muitas protestantes sentiram-se envergonhadas pelo resultado das eleições e Angela as orientou a organizarem seu povo. Por isso, de acordo com a co-diretora da GetEqual, a foto revela um grande momento capturado: “conta a história das mulheres brancas neste momento em que querem apenas aparecer de uma forma muito superficial e não querer o trabalho duro de fazer a mudança, de desafiar o seu próprio privilégio”. O banho de água fria é sempre uma ótima forma de reflexão, não é mesmo?

Questionada sobre o conhecimento das questões das negras por parte das brancas, Peoples afirmou que as mulheres brancas não precisam se interessar em nossas questões, mas sim reconhecer o papel a que se submetem enquanto benfeitoras implícitas ou cúmplices de sistemas como a supremacia branca e o patriarcado.

“[…] questões de justiça reprodutiva, questões salariais, essas são as nossas questões também. Não precisamos deles (brancos) para assumir um novo conjunto de questões; Precisamos que eles compreendam o impacto dessas questões específicas quando se trata de raça e gênero e experiências diferentes. Eles precisam fazer ajustes para como eles estão organizando, o que eles estão defendendo e como eles aparecem a esses sistemas com base nesse entendimento”, afirmou Angela sobre o que deve ser a ação da população branca.

Ao fim da entrevista ao TR, a mulher preta, feminista e empoderada deixou ainda um recado às mulheres brancas que se juntaram para a marcha mas não apareceram marchando, fato que entristeceu manifestantes negras que se expressaram nas redes sociais: “as únicas palavras que tenho são: eu te amo e te vejo. Quando as mulheres negras expressaram esses sentimentos, eu vi mulheres brancas e homens gays dizendo que é segregação […]. Isso também dói porque só estamos sendo vistos quando estamos nos reunindo atrás de vocês (brancos). Quando estamos falando sobre a nossa dor, quando estamos pedindo que você apareça, então é divisiva, então é de alguma forma prejudicial para a causa mais ampla. Isso simplesmente não é verdade. Mas uma coisa que eu sei é, mulheres negras, nós adquirimos. Nós continuamos a organizar nossas próprias comunidades, nós continuamos a realizar povos responsáveis através dos gêneros, através da raça. Eu realmente diria para as mulheres brancas, se vocês querem ser parte de um movimento poderoso que vai fazer algo, vocês precisam ficar atrás e confiar em mulheres negras. Confiem em mulheres negras, confiem em mulheres negras trans. […] Se você é uma mulher branca pensando “Qual é o próximo passo? Tudo parece insuperável”, bem-vinda ao time. Ouça uma mulher negra.”

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