Na última quinta feira (27), no Encontro, Naiara Azevedo parece ter se espantado com a inteligência de uma mulher preta, gerando polêmica pelo seu discurso.
Durante conversa sobre dororidade, termo criado por Vilma Piedade como alteração de sororidade para designar mulheres unidas pela dor, a cantora sertaneja disparou “E para ver o tanto que a pessoa que é preconceituosa é ignorante, porque eu estou admirada com a inteligência, com as palavras, com a sua inteligência… ela é uma mulher preta, como ela se diz, tão inteligente, tão culta e dando todos esses ensinamentos para gente. Eu gostaria de te aplaudir e dizer… eu tenho muito o que aprender com ela!”
O racismo pode acontecer de diferentes maneiras, mesmo num discurso naturalizado. Ao citar “uma mulher preta […] tão inteligente, tão culta”, Naiara distingue essa de outras mulheres pretas.
O mesmo acontece em frases como “que preta linda”, algo que conota um sentido de que essa mulher preta é linda, dissociando-a de outras, como se fosse raro, indicando ainda surpresa.
Ainda é necessário entender o racismo como estrutural e, portanto, presente mesmo onde quase não se percebe, até nos discursos com intenção de elogio, carregados de estereótipos como o de Naiara Azevedo.