Hoje no Òrun, Rainha Kambinda deixa saudades no Àiyé.
Na madrugada deste domingo (15), aos 81 anos, morreu a escritora, folclorista, poeta, artista plástica e dançarina Raquel Trindade. A causa da morte ainda não foi confirmada por familiares, mas segundo boatos a artista teria falecido durante uma cirurgia no coração. Seu corpo deve ser velado a partir das 16 horas deste domingo, no Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes e o enterro acontece amanhã (16), por volta de 14 horas, no mesmo município.
Filha mais velha do grande poeta Solano Trindade, Raquel deixa mais que a paixão pela cultura. A artista era uma das maiores referências de enfrentamento aos preconceitos racial e regional, perpetuando a música, a poesia, o folclore e toda a vivência afro-brasileira como disputa simbólica. Em Embu das Artes, município da região metropolitana de São Paulo, onde chegou aos 25 anos, a pernambucana escreveu sua história e dançou sua vida: tornou a cidade artística em seio de sua obra.
No Teatro Popular Solano Trindade, fundado por seu pai, Raquel Trindade era Rainha Kambinda. Carregava consigo, fundadora da Nação Kambinda de Maracatu, o matriarcado e o levava por onde passava. Foi assim que aprendeu, principalmente na dança, onde lembrava com saudades a tradição ensinada pela mãe ainda criança. De tradição em tradição, a mulher negra se tornou griô ao transmitir ao Brasil e ao mundo todos os ensinamentos como uma grande mãe.
Preta. Pobre. Poeta. Periférica. Prounista. Filha de Oxum, tem paixão pela palavra e estuda o último ano de Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie.