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11 de Novembro: 42 anos de Independência da Angola

Foto: Juca Varella/ Fotos Públicas (26/06/2012)/ Reprodução
Foto: Juca Varella/ Fotos Públicas (26/06/2012)/ Reprodução

11 de novembro de 1975. Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) em Luanda. Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) em Ambriz. União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) em Huambo. Três movimentos gritavam num só brado. Era a independência que chegava à terra da palanca negra. Pela comunidade internacional, só um grito foi ouvido: o do MPLA. Mas isso pouco importava. Angola era, agora finalmente, livre.

O Brasil, tímido do outro lado do oceano Atlântico, foi o primeiro país a reconhecer Angola independente. Vibrou junto. Daquela terra vinha tanta influência que é difícil se dar conta. Talvez até a ginga, a armada, a bênção, a cabeçada, a meia-lua, a tesoura, a queixada, a rasteira, o martelo, o rabo de arraia – e Angola vem, o berimbau tocou, e Angola vai, a roda já começou. O solo verde-e-amarelo devia, então, mais que reconhecer a independência. Devia parte da própria cultura à quem veio da terra da palanca negra e estabeleceu aqui sua vivacidade, sua velocidade, sua força, sua beleza.

E que veio, não porque quis vir. Veio em diáspora. Chegou aqui, o senhor era o mesmo: Portugal. A língua era a mesma também. Em Angola, além do português, se acha Kikongo, Kimbundo, Tchokwe, Umbundo, Mbunda, Kwanyama, Nhaneca, Fiote, Nganguela. A pronúncia parece música. Filho de angola fala cantando. Igual canto de capoeira, Paranauê, do que hoje se fez dança mas era só defesa. Era o jeito de sobreviver ao colonizador violento. Mesmo assim, tantos morreram.

Alguns aqui no Brasil. Outros lá na Angola. Mesmo assim, o povo angolano é ainda o povo da alegria. Embalados pelas águas doces do Kwanza que, ironicamente, batiza a moeda nacional: o rio possui 1 mil km de longitude, mas só se pode navegar em 240 km são navegáveis. Talvez caiba alusão à pobreza no país, principalmente em Luanda, capital. Quanto mais avança economicamente, mais manifesta desigualdade. E o país da palanca negra mais uma vez se parece com o país do futebol.

Mesmo assim, embalados pelo semba, angolanos comemoraram a independência. Não sabiam que, pouco tempo depois, o brado mais alto pela liberdade importaria sim. Mesmo independente, a terra rica em diamantes, petróleo e minério de ferro assistiu à guerra civil motivada por uma intensa disputa pelo poder. E, com alguns intervalos, Angola permaneceu vítima de diferentes violências, dessa vez dentro do próprio solo, na própria terra.

Hoje, na lembrança do 11 de novembro de 1975, vale lembrar da força e do sorriso de um povo que não desiste nunca. Parece até que trouxe essa tradição ao solo brasileiro. Quarenta e dois anos depois, o país verde-e-amarelo lembra, com honra, da independência do povo angolano. Lembra ainda, com resistência, de toda dor que se sucedeu. E espera, com gratidão, que a força das palancas negras brote dia após dia na cor da pele e no brilho do sorriso de cada filho da Angola.

 

 

 

 

 

 

 

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