“Irão as pessoas ficar sentadas enquanto outro Malcolm X, outro Martin Luther King, é assassinado?” Perguntava, porque tinha a certeza de que ele não ia ficar parado. Uns o chamaram assassino cruel, outros o agradeceram pela guerra contra a pena de morte. Outros deram a ele o título de condenado mais famoso dos Estados Unidos: talvez tenha matado para não morrer. Disse até que seu único erro foi mesmo sobreviver.
Mumia Abu Jamal, pseudônimo de Wesley Cook, completa hoje 63 anos de vida, dos quais muitos conviveu com a dúvida da morte. Após supostamente ter matado um policial branco que espancava seu irmão, no início dos anos 80, o ex-integrante do Partido dos Panteras Negras passou mais de 30 anos no corredor da morte. Conhecido pelo programa de rádio “A voz dos sem-voz”, o militante negro assumiu uma responsabilidade por toda sua vida: “Seja o que for que façam comigo, não me conseguirão deter. Esta revolução é a minha religião”.
Ao longo de 20 anos, ao lado de manifestantes e importantes personalidades, o jornalista reivindicou um julgamento justo, travando uma difícil batalha contra o poder judiciário norte-americano. Em seu processo, foram constatadas inúmeras regularidades e, a cada uma dessas descobertas, sua execução já marcada era postergada. Só em 2012, Mumia Aabu Jamal saiu do corredor da morte. No entanto, provavelmente, será sempre preso político.
Mumia permanece um dos prisioneiros políticos mais conhecidos do mundo. Em suas produções, o militante sempre denunciou o encarceramento como forma de criminalizar a população afro-americana, indígena e imigrante que resiste ao sistema opressor norte-americano. Talvez ele só não tenha razão em uma coisa: esse sistema se estende a outros países. A luta pela libertação de Mumia e de tantos outros não acabou: a liberdade é um sonho coletivo!
Sonho com a liberdade. É a palavra mais doce que já escutei, e sonho com ela toda noite. Sonho com um país e um mundo onde a pena de morte é uma memória, é história. Sonho com a ausência das grades da prisão. A ausência de grilhões, a ausência da ameaça de morte.