A primeira festa do BBB22 foi um momento esperado para quem acompanha o reality show, afinal, é quando o jogo se movimenta, alianças são formadas, desfeitas, brigas acontecem e, claro, o flerte rola solto. Mas no meio desse cenário caótico algumas coisas se assemelham ao cotidiano e por isso podem assustar e até incomodar.
Talvez para pessoas brancas assistir o programa seja uma boa trivialidade. Já para pretos (as) podem existir gatilhos e cansaço. A questão é que mesmo sendo vigiados 24 horas por dia, muitos participantes mostram que as câmeras não são empecilhos para cometer erros grotescos, desagradar, alfinetar e ser totalmente incoerente. Afinal, esse é o intuito do jogo e, por esse motivo, muitos deixam de acompanhar, mas um grande número segue firme dando audiência ao espetáculo.
Além disso, tudo é observado e comentado no Twitter,. A rede social se torna um local de especialistas sobre todas as conversas e relações dentro da casa. Por isso, separamos alguns tópicos que ganharam mais visibilidade.
Estreia do BBB22: Letramento racial e outras reflexões
Erros e acertos da primeira festa do BBB22
- Eslovênia mais uma vez “errando” o pronome de Lina.
É possível que esse momento vá para o top 10 mais sem noção, com a participação de Linn da Quebrada, ou Lina, como também gosta de ser chamada. Temos a demonstração diária de um show de horrores.
Essas microagressões, que são realizadas por pessoas camufladas na imagem de meninos e meninas inocentes, são um grande reflexo do país transfóbico em que vivemos. Se a pessoa se apresentou, mostrou como deve ser chamada e ainda tem literalmente a tatuagem “ELA” na testa, qual é a dificuldade de uma estudante de física entender isso?
E desde quando o BBB se tornou escola para brancos de classe média aprenderem sobre minorias? O jogo é ganhar o dinheiro e conquistar a fama, que pode durar 15 segundos ou mais. Mas, como falamos, é um espelho. Com uma maior visibilidade de pautas sociais, muitos querem surfar na onda, ou até deslegitimar a luta se fazendo de oprimido e sem instrução.
Não é apenas uma participante que comete essa insistência sistemática, tanto que após a festa do BBB22, no domingo, o apresentador mais uma vez deu a palavra para Linna e reforçou o que está escrito em sua testa.
- Maria e sua autenticidade
Até o presente momento, Maria vem sendo uma surpresa agradável. Sem papas na língua, a cantora fala o que pensa, solta palavrão ao vivo, faz piada, sensualiza e para para refletir com uma sabedoria imensa para quem tem apenas 21 anos. Por mais que não esteja sendo coroada como a bonequinha de cristal da edição (sabemos que esse posto sempre recai sobre pessoas brancas), ela vem conquistando a internet cada vez mais.
Na festa do bbb22, não teve medo de se mostrar, dançou até o último momento e curtiu como prometeu. Alguns internautas estão comparando-a com a Rue, de Euphoria, personagem interpretada por Zendaya, pela sua semelhança com a atriz e versatilidade.
Zendaya: A atriz sabe como utilizar seu talento
- Natália e a vulnerabilidade de ser uma mulher preta
Em determinado momento da primeira festa do bbb22, Natália e Rodrigo se aproximaram, trocando abraços, carícias, a participante percebeu um clima e investiu, mas a jogada não saiu como planejado. Rodrigo disse não e ainda afirmou ter alguém aqui fora, informação contraditória para quem está lançando flertes desde que o programa começou.
A reação de Natália foi duramente criticada, mas poucos tentaram entender que a situação remeteu gatilhos profundos na jovem e em tantas outras mulheres pretas, que já foram preteridas. Por ser uma figura complexa e negra, ela recebeu o apoio apenas de Maria. A conversa na íntegra com a cantora e a influencer Jade Picon está logo abaixo.
bell hooks já falava sobre a dor que o conceito de amor romântico traz para cada mulher negra. Assistir esse vídeo pode ser um soco no estômago porque muitas de nós conseguimos nos relacionar com os relatos, coisa que não deveria acontecer.
“Muitas mulheres negras sentem que em suas vidas existe pouco ou nenhum amor. Essa é uma de nossas verdades privadas que raramente é discutida em público. Essa realidade é tão dolorosa que as mulheres negras raramente falam abertamente sobre isso.”
bell hooks sobre o amor e a raça.
Por fim, a noite seguiu como qualquer festa, mas a pergunta que fica é: será que vale a pena?