Para falar do futuro negro é sempre preciso voltar ao passado e dar a sua devida importância. Pensando nisso, a live transmitida pelo Youtube conta com os artistas convidados Jhonny Salaberg e o Juão Nyn.
O projeto discute a marginalização e genocídio do corpo negro como estrutura fundante da racionalização social e historicidade do país; questiona a possibilidade de sumir com o presente, sem amputar o passado, garantindo um futuro com mais justiça para esta população e a periférica. Traz, como produto de toda a reflexão, o Calendário Futurista, criado para discutir um Brasil que expurga o que não foi dito, nem documentado, e ainda permanece em estado de apagamento.
Nele, o público encontra o dia da Insurreição Haussá em Santo Amaro e São Francisco do Conde, na Bahia, em 12 de fevereiro de 1816. Também tem o dia em que escravizados tomaram uma barca e jogaram tripulantes no mar no Maranhão, em 10 de julho de 1839, entre outras. Já as datas nas imaginadas tem a posse de Jup do Bairro, primeira travesti negra presidenta do Brasil, no dia 1º de janeiro de 2028; o Início do Matriarcado, em 1 de agosto de 2500; e o Fim do Capitalismo, no dia 1 de julho de 3000.
Ocupação Benjamin de Oliveira fecha os eventos do Itaú Cultural de 2021
O calendário do futuro negro
“Durante essa pesquisa, selecionamos uma série de materiais como filmes, textos, poesias e artes plásticas para entender quais futuros precisamos criar, para isso é urgente recriar novos imaginários, respirar o olhar em outros horizontes. Como falar de futuro sem lembrar o passado? Como falar de passado, sem compreender o presente? Depois de muitos encontros e mergulhos, procuramos formas concretas de desafiar as noções de futuro. Surge então a ideia de criar um calendário, já que essa tem sido umas das principais formas de organizar o ontem, o hoje e o amanhã, ” relata Pat Carvalho e Piu Guedes integrantes da Carcaça de Poéticas Negras.
Para os idealizadores, a concepção do calendário é essencial para a construção de futuro negro. Foram cinco meses de pesquisas e estudos, com metas bem definidas.
“Os principais objetivos são: Lutar contra a invisibilidade e apagamento da história, propor uma ruptura no tempo em que vivemos, exercitar o diálogo sobre a forma como somos condicionades a pensar e agir, mas principalmente a oportunidade de imaginar, de maneira íntegra e plena, como vai ser o nosso futuro.”