Laverne Cox é uma atriz afro-americana e ativista do movimento LGBTQIA+. Ela ficou famosa por seu papel em Orange Is The New Black e foi a primeira pessoa abertamente transgênero a ser nomeada ao Emmy.
Laverne sempre quis ser artista e estudava dança desde os seus 8 anos (ou seja, 40 anos atrás – pois é, acredite, ela tem 48 anos). Assim, ela estudou em um internato e depois se formou em Dança na universidade. Neste período, ainda não se identificava como uma mulher trans, embora estes fossem a maior parte dos papeis que conseguia.
Depois de enxergar a possibilidade de uma carreira enquanto uma mulher trans, Laverne contratou um novo agente e assim começaram suas grandes aparições. Ela participou algumas vezes da série “Law and Order”, depois de uma série para a HBO chamada “Bored to Death” e depois também de um reality show chamado “I Wanna Work For Diddy”.
Esse reality show trouxe a possibilidade de que Laverne produzisse e estrelasse pela primeira vez, na produção chamada “TRANSform me” até que ela finalmente chegasse ao show que, como ela mesma diz, mudaria sua vida.
Além disso, ela também conta que tinha muitas dívidas para pagar, débito da faculdade e de seus cartões de cŕedito e que, antes de ser aprovada para o elenco de Orange Is The New Black, estava para desistir de sua carreira e voltar a estudar.
Sua inspiração para iniciar sua carreira como atriz foi Candis Cayne, uma atriz trans (e branca). Laverne aparece para quebrar paradigmas e servir de inspiração para muitos de nós no que diz respeito à gênero, raça, talento e dedicação.
Halle Berry muda seu posicionamento e recusa papel trans
A defesa LGBTQIA+ de Laverne Cox
Laverne Cox fala sobre seu posicionamento enquanto mulher trans, mas que a existência deveria estar além de corpos, cirurgias e genitais. Em entrevista à SELF, ela conta que começou seu processo de transição há 20 anos, mas que se sente bastante relutante em tocar nesse assunto porque ele serve para objetificar pessoas trans.
Embora acredite que a representação de pessoas trans nunca tenha sido tão grande na midia, isso também representa um aumento na repercussão negativa da visibilidade trans. E também significa um aumento na violência. Por isso, houve um aumento de mulheres trans assassinadas nos Estados Unidos. Ela defende que uma das questões importantes a serem discutidas a respeito da luta LGBTQIA+ é: as pessoas estão desconfortáveis ou inseguras? Não que qualquer uma dessas opções seja positiva. Mas porque se sentir desconfortável com a presença de uma pessoa não é o mesmo que se sentir inseguro. E menciona a discussão sobre que banheiros as pessoas trans deveriam usar como exemplo.
Laverne diz ter ficado muito tocada com os protestos em defesa de pessoas negras e trans. Para ela, é importante entender como o sistema trabalha para separar pessoas marginalizadas enquanto, na verdade, todos deveríamos nos unir.
Laverne Cox: a produtora que você respeita
O mundo do entretenimento certamente não é mais gentil ou justo com pessoas trans. Por isso, além de atuar, Laverne Cox resolveu produzir seus próprios shows. Um deles é “Disclosure”, em que, além de produzir, ela também atuou, e fala sobre o imaginário que Hollywood criou a respeito de pessoas trans.
Ela diz: “Eu sou obcecada por olhar a história e entende porque estamos onde estamos. Há tanto que ainda não fizemos olhando para a história trans, em tantos níveis.” Laverne diz ser obcecada com a mídia também, por isso a produção dessa série fez tanto sentido.
Ela defende que, para haver mudança significativa, precisamos de diversidade em posições de poder. E diz que, em Disclosure, todas as pessoas que atuam na série são trans e as pessoas por trás das câmeras também. Além disso, ela conta que, nos casos em que não conseguiram encontrar uma pessoa trans para preencher uma posição, eles fizeram uma parceria: uma pessoa cis deveria treinar uma pessoa trans.
Mas também defende que não se trata de trazer diversidade para um sistema corrupto. É preciso que haja uma mudança na forma como o poder funciona e ela acredita que o centro da questão está em melhorar as condições dos trabalhadores.
Nem tudo é militância, não é mesmo?
Vocês já viram esse vídeo aqui da Ana Paula Xongani e da Jout Jout? Nele, Ana Paula conta que as perguntas que ela recebe dos fãs de seu canal no YouTube são: “me fale sobre o racismo estrutural”; “me fale sobre pigmentocracia”; “fale sobre machismos”. Então vou aproveitar pra jogar no ar a provocação sobre: o quanto nós estamos exigindo de mulheres negras?
Mas nem era bem isso que eu ia dizer. Ia dizer que, assim como Ana Paula Xongani é provavelmente questionada pela primeira vez sobre perguntas gostosinhas nesse vídeo aí de cima, eu vou dividir coisas gostosinhas sobre a vida de Laverne Cox.
Nessa entrevista com o Trevor Noah, ela fala que a quarentena mudou alguns dos hábitos dela. Pra conhecer alguém online, por exemplo, ela nunca fazia uma chamada de vídeo antes. Era só marcar o date e bora que bora. Agora, chamada de vídeo é pré-requisito.
Nessa outra, ela fala sobre a noite do Grammy em que conheceu Beyoncé. Ela diz que imaginou como esse dia seria e que chorou, sozinha em seu apartamento, só de pensar nesse momento. Mas, em suas próprias palavras, “quando você conhece a rainha, uma calma toma conta de você. A calma tomou conta de mim e eu não chorei.”
Ela diz que quando olhou para Beyoncé e ela sorriu de volta e se levantou, ela pensou “Ela levantou! Ela levantou por mim!” Se você disser que reagiria de maneira diferente, me desculpe, mas é mentira. Você não se conhece.
Por último, uma experiência seguida de um conselho. Ao ser questionada sobre sua vida amorosa, Laverne conta que está solteira há cerca de 1 ano. E diz que, uma dia depois do término de seu relacionamento, ela foi fazer a prova para tirar sua carteira de habilitação. Digamos que o resultado poderia ter sido melhor. Então, o conselho dela é: “não faça prova um dia depois do término de seu relacionamento.”