A comunidade LGBTQIA+ já tem um novo personagem para representa-la na dramaturgia. Em “As Fives”, série de Cao Hamburguer no Globoplay, Marcos Oli realiza sua estreia no streaming em dose dupla: é dele a responsabilidade de dar vida ao bailarino Miguel e Michelle, sua drag queen. Aos 24 anos o ator, que já participou de um vídeo no canal do YouTuber Felipe Neto e das novelas “Malhação – Viva a Diferença” (TV Globo) e “Dance Dance Dance” (Band), emplaca seu primeiro personagem fixo numa trama.
Roberta Rodrigues e Marcello Melo Jr. estarão na edição especial de Sob Pressão
“É uma delícia dar vida a Miguel e Michelle! Miguel conhece Keyla (Gabriela Medvedovski) em uma audição para teatro musical e, na tentativa de torna-la mais confiante, apresenta seu mundo nos palcos através de sua drag queen, a Michelle Esmeralda. Para isso, fiz aulas de stiletto para trazer um corpo mais fluído, glamouroso e firme para o que a personagem pedia”, contou Marcos Oli, que conquistou o papel através de testes. No mesmo segmento, ele fez “Antes Que Seja Tarde”, filme LGBTQIA+ de Leandro Goddinho que fala sobre opressão da sexualidade e tem feito sucesso em festivais de cinema no Brasil e em países como EUA, Índia e Europa.
Marcos entende a importância do papel numa série voltada a um público em fase de formação. “É uma responsabilidade e um presente, ao mesmo tempo, pois a missão de deixar estes universos significativos para o público é ainda maior. Ainda precisamos repensar muita coisa que há por trás da representatividade no audiovisual, mas, sem dúvidas, o texto do Cao faz com que tanto os negros quanto os LGBTQIA+ identifiquem-se em cada cena apresentada”, aposta o ator Marcos Oli, que já participou de filmes, musicais e, ao longo de quatro anos, apresentou o “Plantão do Tas”, no Cartoon Network, ao lado de Marcelo Tas.
Com o crescimento das redes sociais, o ator percebeu nestes espaços a oportunidade de pulverizar seu trabalho para um público cada vez mais amplo. “Ao verem os stories que fiz no meu Instagram, alguns amigos sugeriram de postar no IGTV. A partir daí entendi que seria uma boa saída criar vídeos sobre assuntos importantes usando o humor. Será ótimo se conseguir ser visto por alguém que se interesse pelo meu trabalho e me convide pra algum projeto. Meu objetivo é sair dessa pandemia vivo e empregado (risos)”, diverte-se.
A estratégia deu certo e, recentemente, Marcos foi convidado para escrever um esquete para o quadro “Humor Negro”, desenvolvido por Felipe Neto em seu canal. “Fiquei muito surpreso e feliz em escrever um esquete pra lá porque, neste quadro, já foram apresentados humoristas e comediantes extremamente necessários. Aproveitei que estamos no mês da consciência negra pra abordar o mito racial da representatividade na publicidade e o que existe por trás disso tudo”, reitera o ator.
O assunto, que está em voga, rende bastante, e Marcos relembra sua vivência. “A questão da representatividade não é só inserir pessoas pretas na tela. Nós precisamos de pessoas pretas escrevendo e também nos dirigindo. A diversidade tem tido uma discussão e amplitude maior pelo cenário atual. Estamos ganhando espaços em algumas obras da dramaturgia, mas espero que possamos estar em papéis que não tenham em suas descrições ‘ator negro’ e que ocupemos lugares que são nossos por direito e capacidade”, finaliza.