Há tempos discutimos sobre a importância de o racismo ser discutido pela branquitude, uma vez que, embora as pessoas negras sofram as consequências, o racismo não seja de sua responsabilidade.
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Por isso, reunimos abaixo posicionamentos de celebridades que têm falado sobre questões raciais com seus filhos. Confira:
Nick Cannon
O apresentador, que é pai de Golden, de 3 anos, e dos gêmeos Scott e Monroe falou, em entrevista a Access, que seus filhos trazem essas perguntas a ele.
Ele saber o quão importante a luta racial é: “Estou pronto para colocar a minha vida na reta por isso porque não há nada mais importante do que minha comunidade, nada mais importante do que minha família, nada mais importante para mim do que evocar a mudança verdadeiramente.”
Sobre a mentalidade ao se deparar com a polícia, Nick diz que conversa com seus filhos sobre “sentar direito, não responder, manter suas mãos onde eles consigam ver. Essas são coisas que eu estou discutindo com meus filhos de 3 e 9 anos”. “Dói ter essa conversa com seus filhos, mas você quer protegê-los no fim das contas.”
Thomas Rhett Akins e Lauren Akins
Lauren Akins, esposa do cantor e compositor Thomas Rhett e mãe de uma menina ugandesa adotada pelo casal 2017, compartilhou um post em seu perfil no Instagram falando sobre os acontecimentos recentes nos Estados Unidos. Lauren diz ter sentido grande ansiedade por ter ouvido pessoas dizendo que ela, enquanto uma mãe branca, seria incapaz de criar uma filha negra e que sentiu medo de falar sobre o que sente publicamente.
No entanto, num post com uma foto de uma passagem bíblica, Lauren decidiu se posicionar, dizendo “como sua mãe, quero que ela tenha muita certeza de que eu sou sua mãe, que se posiciona não só por ela, mas por todas as pessoas que compartilham de sua linda pele negra. Quero ser a mãe que vai criá-la para saber o significado de ter uma pele negra e se orgulhar disso.”
A respeito dos protestos, Lauren também diz “Sinto que estou sendo desobediente a Deus se não falar sobre injustiça e a luta por mudanças. Acredito que, se ficar em silêncio, estou traindo meus irmãos e irmãs. Acredito que, se ficar em silêncio, estou traindo minha filha. Acredito que, se ficar em silêncio, estou traindo o coração de Deus. Não fique em silêncio. Lute. Use a arma mais poderosa de todas: o amor.”
Jessica Alba
Em entrevista a People, Jessica Alba, que é mãe de Haven Garner, de 8 anos, Honor Marie, de 12 e Kayes, de 2, compartilhou: “Ao ver os eventos racistas e cheios de ódio que têm acontecido, você percebe o que realmente importa.”
Sobre seus filhos, Jessica diz: “Honor e Haven têm estado online mais do que nunca, então têm grande exposição a isso. E meus filhos são negros e mexicanos, então há uma conexão com o que está acontecendo.”
Alba diz acreditar que essa geração vai promover mudança, mas acrescentou que “Não vai acontecer agorae isso é devastador. É um racismo sistêmico nas veias do nosso sistema de justiça criminal. Ele é feito para oprimir pessoas de pele negras, marrons e ‘outras’ pessoas.”
Alba explicou que “você precisa ter essas conversas que parecem difíceis quando se trata de igualdade e justiça social. Essas conversas podem existir e têm que começar cedo. Eu comecei. Porque é assim que você os dará o gás para fazer com que essa não seja a realidade deles.”
Shaquille O’Neal
A legenda do basquete Shaquille O’Neal, pai de Shareef, Shaqir, Me’arah, Taahirah e Amirah O’Neal, disse, durante uma aparição no programa Jimmy Kimmel Live! que tem tido conversas com seus filhos sobre o que dizer e o que fazer em uma possível interação com a polícia.
“Eu tenho que falar com eles o tempo todo”, disse O’Neal. “Eu disse a eles ‘primeiro, vocês têm que tentar difundir a situação ou mostrar respeito. Tem que entender que essas pessoas também estão ali fazendo seus trabalhos. Então você tenta difundir a situação. Se acontecer de as coisas ficarem ruins, não diga nada, não faça nada, só obedeça.’” “E depois que tudo tiver sido dito e feito, vocês me ligam e se as coisas saírem do controle, eu vou resolver”, O’Neal continuou. “‘Sou eu quem vai perder a cabeça. Não quero que vocês percam a cabeça porque vocês estarão lá sozinhos.’ Então eu digo a eles para só obedecer, ouvir, mas muitas vezes isso também não funciona.”
Katherine Heigl
A ex-atriz de Grey’s Anatomy, mãe de 3 crianças, sendo uma delas uma menina negra adotada em 2012, não é muito de falar sobre sua vida publicamente, mas se manifestou essa semana em seu perfil no Instagram:
“Raiva. Não sei bem a cara que as pessoas acham que a justiça social tem, mas neste momento, para mim, parece ser uma vida dura e feia na prisão para o policial Chauvin e os outros que só ficaram parados ali. Em seus telefones. Eu quero que eles paguem. Eu quero que o pagamento seja pesado. Eu quero que seja uma consequência dolorosa e irrevogável por seus atos e comportamentos maldosos e quero que essas consequências assuste muito a qualquer outro racista que ainda estiver se apegando a seu ódio de mente pequena. O ódio que acalma suas fraquezas e covardias. O ódio que faz deles poderosos e os deixa no comando. O ódio que os distrai de sua pequenez. Pode ter havido um tempo em que eu me importava em tentar mudar a mente de um racista. Em mostrá-los através de exemplos e com as palavras certas que eles estão errados. Eu não me importo mais. Com seus corações, mentes, almas. Não me importo que morram com sua feiúra estampada. Eles podem levar essa merda ao seu criador e ele que se resolva com eles. O que eu quero é que eles fiquem tão assustados com as consequências do policial Chauvin que eles tenham medo de respirar na direção de um homem, mulher ou criança negra. Que dirá tentar machucá-los. Eu quero que eles tremam na cama à noite de medo que eles também terminem como Chauvin. Eu quero que ele seja um exemplo do que acontece com um racista nesse país. Tenho consciência de que esse ódio não é muito cristão da minha parte. Ou será que é? Jesus ficou bem raivoso no templo. Deus trouxe enchentes, a fome, os gafanhotos e o pilar de sal. Talvez a raiva seja parte do divino. Talvez os céus queiram nossa raiva nesse momento. Tudo o que eu sei é que eu quero que acabe. Hoje. Para sempre. Custe o que custar.” Em outro post com a foto da filha, Katherine diz “Eu não consigo dormir. E quando consigo, acordo com apenas um pensamento na cabeça: como vou contar para a Adalaide? Como vou explicar o inexplicável? Como posso protegê-la? Como posso quebrar um pedaço do seu lindo espírito divino para fazer isso? Não consigo dormir. Fico deitada na cama no escuro chorando por cada mãe de divinas crianças negras que precisam extinguir um pedaço do espírito de seus tão queridos filhos para mantê-los vivos.”
Iskra Lawrence
A modelo Iskra Lawrence, que tem uma filha com o compositor e ex-atleta Philip Payne, fez um post em seu perfil no Instagram falando sobre a importância das ações neste momento.
Iskra diz: “Vou te proteger de todos os modos possíveis. Mas sei que eu nunca serei o suficiente. A cor de sua pele vai afetar sua vida de uma forma que eu nunca serei capaz de entender.
Seu pai vai ter que te ensinar coisas que eu, como uma criança branca privilegiada, nunca tive que aprender. Seus amigos terão que ser seus aliados e se posicionar quando houver chance de você ser ferida ou morta simplesmente por ser você. Agora, cabe a nós nos educarmos. Fiz muitas perguntas às pessoas negras que amo quando eles já estão exausto e de luto por sua comunidade. Não cabe a eles educar a nós, privilegiados. Precisamos fazer nossas próprias pesquisas na prounda história enraizada do racismo.
Nos fazer perguntas como por que vemos tantos vídeos de pessoas negras sendo assassinadas nas notícias, mas nunca vemos vídeos de uma pessoa branca sendo assassinada? Há muitas formas de a opressão sistemática ser usada todos os dias, principalmente com o objetivo de espalhar medo e separação entre raças. Quem vem ler comigo?”
Iskra encerra o post dizendo: “Se você não está enfurecido pensando em como você pode fazer sua parte, pergunte a si mesmo se caso sua filha ou filho, irmã ou irmão estivesse em risco de ser assassinado todos os dias pela cor de sua pele, você não estaria fazendo tudo o que pode. Cada oportunidade, cada microagressão, cada estereótipo racial alimenta a opressão.
Assinar petições, fazer doações e apoiar é o mínimo que podemos fazer. Vamos discutir com nossas famílias, promover campanhas para uma reforma policial e continuar a aprender para combater o racismo sistêmico todos os dias. Nós devemos usar nosso privilégio branco para fazer melhor em memória a todos que tiveram suas vidas ceifadas, seus futuros subtraídos e temos que lutar contra a discriminação todos os dias.”
A modelo também fez um post dizendo que não vai se pronunciar em seu perfil de 01 a 07 de junho para dar voz às “pessoas com melanina”.
Reese Witherspoon
A premiada atriz, produtora e empreendora compartilhou seu relato com seu filho em seu perfil no Instagram, com uma foto que dizia “Não ignore alguma coisa só porque ela te deixa desconfortável”:
“Ontem, no jantar, meu filho de 7 anos me perguntou porque os adultos estavam tão transtornados. Conversamos com ele sobre o que aconteceu a George Floyd. Ser uma mãe branca tentando explicar racismo e preconceito para seu filho branco, que não entendia porque qualquer um trataria outro ser humano dessa forma, foi desolador. Mas nem de longe tão desolador quanto ser uma vitima destes crimes sem sentido, violentos e injustos. Nem de longe tão devastador quanto ser uma das famílias que são assediadas e discriminadas todos os dias. Nem de longe tão devastador quanto uma mãe que vive com medo do que vai acontecer a seus filhos neste mundo. Eu cresci indo à igreja. Fomos ensinados que somos todos iguais aos olhos de Deus. Todos respiramos o mesmo ar. Todos sangramos o mesmo sangue. Mas não foi o que eu cresci vendo. Foi tão difícil conciliar a diferença entre o que eu era ensinada na igreja e o que vejo no mundo. Não quero isso para os meus filhos ou para os seus. Temos que nos responsabilizar pelo que está acontecendo neste país. O que aconteceu a George Floyd e Breonna Taylor e Ahmaud Arbery – e tantos outros – não pode passar impune. Por favor, converse com seus filhos sobre racismo, privilégio, preconceito e ódio. Se você não estiver falando com eles, outra pessoa estará.”
Kristen Bell e Dax Shepard
Em entrevista recente ao The Morning Beat, a atriz de The Good Place diz que quer criar crianças antiracistas e diz: “Não estou querendo um tapinha nas costas, estou querendo ser parte da solução.”
Kristen disse que tem tido conversas francas com suas filhas, de 5 e 7 anos, sobre os protestos nos Estados Unidos. “Mostrei algumas as imagens às minhas filhas, mostrei o paralelo entre o que estava acontecendo em Michigan, onde havia pessoas brancas segurando armas e nada aconteceu versus pessoas que estavam protestando pacificamente sentadas no chão sendo atacadas com gás lacrimogêneo. E perguntei ‘que tipo de problemas vocês vêem nessas imagens?’ Me digam o que vocês estão vendo.’ E nós tivemos uma conversa honesta e desconfortável”, di Kristen.
Kristen também fez um post recente com uma foto que dizia “Entendo que nunca vou entender, mas me posiciono.”
Em referência a um post recente à Folha de São Paulo, entitulado “O enfrentamento ao racismo precisa ser mais do que posts para aliviar a consciência”, a filósofa Djamila Ribeiro defende que “a era da inocência acabou, já foi tarde; e se a branquitude quer fazer a diferença, precisa ir além do discurso.”
Por isso, selecionamos também alguns perfis nas redes sociais que, de diferentes maneiras, lutam por uma educação antiracista:
@cleliaerosa – https://www.instagram.com/cleliaerosa/
Criançóloga que recentemente participou de uma transmissão ao vivo sobre “Como criar crianças antiracistas”
@eraumavezomundo – https://www.instagram.com/eraumavezomundo/
Página de empreendedorismo sustentável que vende bonecas negras e fala sobre histórias negras as redes sociais
@criandocriancaspretas – https://www.instagram.com/criandocriancaspretas/
Página de comunicação e educação antiracista
@emeinelsonmandela – https://www.instagram.com/emeinelsonmandela/
Escola municipal de educação infantil que defende a educação antiracista
@coletivoespelhomeu – https://www.instagram.com/coletivoespelhomeu/
Coletivo pensado para minimizar os impactos de uma sociedade eurocentrada e racista, através do afro-lúdico.
Via: People