Quando assisti Cartas à Madame Satã, ou me desespero sem notícias suas, tinha conhecido o Sidney Santiago poucos dias antes e ali passei a considerá-lo um dos melhores atores brasileiros. A forma como ele conduz o espetáculo é impressionante. A sensibilidade com a abordagem do tema da afetividade nos leva a lugares que, se estivermos abertos, transborda o teatro numa conexão de emoções. Como é ser uma mulher trans e negra no Brasil? Eu nunca saberei. Mas assistir à peça nos faz lidar com a questão. E quem sabe, abrir espaço para uma relação empática.
A pesquisa que deu origem à Cartas coloca o texto em primeira pessoa e ali, na nossa frente, com uma presença cênica fortíssima e uma intimidade com o salto que faz inveja a qualquer mulher cis, as narrativas ganham vida e se apropriam de nós que a assistimos. Nos invade, nos ocupa e saímos – cada um por sua posição ocupada na estrutura social – mexidos e revirados. Quem ainda não assistiu ao espetáculo, esta é uma ótima oportunidade. A Cia Os Crespos a apresentará essa semana no Sesc Belenzinho.
Ficha Técnica:
Direção: Lucelia Sergio. Ator criador: Sidney Santiago Kuanza. Dramaturgia: José Fernando de Azevedo. Direção musical e operação: Dani Nega. Iluminação original: Will Damas. Iluminação e operação: Eduardo Luz. Direção de arte: Antônio Vanfill. Atores colaboradores: Luis Navarro e Vitor Bassi. Preparação corporal: Janette Santiago. Contrarregragem: Rogério Aparecido. Preparação vocal: Frederico Santiago. Operação de vídeo: Eduardo Aves.
Serviço
Ingressos:
- R$ 6,00 (Credencial Plena)
- R$ 10,00 (Meia entrada)
- R$ 20,00 (Inteira)
Limite de 4 ingressos por pessoa