Serra da Barriga é o lugar que abrigou o maior complexo de quilombos que a história do Brasil conheceu, Palmares! Eram muitos quilombolas. Tratava-se de uma confederação de quilombos formados em Pernambuco. De lá fizeram seu lar de paz, protegidos por um arsenal de guerra. Ali, quem outrora de dor gritava, agora bradava a liberdade.
Eram homens e mulheres treinados militarmente que se dedicavam também ao cultivo e ao comércio. Já era início do século XVII, quando chegaram a centenas. Libertos por si mesmos. A forma de organização de Palmares e seu tamanho começou a ameaçar o poder monárquico. Em 1630, pelo que se sabe, já eram cerca de três mil. Mas foram, ainda mais tarde, trinta mil.
Cana de açúcar, mandioca, batata, milho, feijão. Cuidavam da terra como ninguém e a terra lhes rendia graças durante a colheita. Produziam vinho e manteiga. Criavam porcos e galinhas. Aprenderam a construir suas armas, em resposta às chibatas. Transformaram-se.
Fortes, palmarinos sofreram repressão. Dizem que foram cerca de 66 as tentativas de destruir Palmares. A resistência quilombola sofria ataques de expedições coloniais. Apesar de fortes, não eram tão agressivos quanto o exército. Suas armas não matavam tanto quanto as armas bélicas. 1697: quilombolas palmarinos foram destruídos. Exterminados os seus corpos, eternizados os seus feitos.
Eram Dandaras, Zumbis, Camuangas, Gangas Zumbas. Foram os maiores contestadores da escravidão de todos os tempos. Eram negros. Eram índios. Eram brancos pobres. Eram todos de Palmares. Eram todos da Serra da Barriga, inscrita no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Histórico, em 1986.