Com vinte mil visualizações em duas semanas, o documentário “Eu, Oxum” conta a história de cinco mulheres, todas filhas de Oxum, orixá que representa a força das águas doces. Em cada mulher, um brilho no olhar reflete suas conexões com a fé. Contam suas histórias, com respeito ao sagrado toque de Oxum, que quando irradia faz com que chorem. É por isso que todo o tempo se lembram que são movidas pelas águas de sua mãe.
À frente da produção independente, estão Héloa e sua mãe, Martha Sales. São vinte e dois minutos de imagens e memórias do processo de cada uma dessas mulheres, considerando suas especificidades. Há quem seja mãe, há quem tenha incorporado desde cedo, há quem tenha irradiado. Há até quem não incorporou, mas viu Oxum vindo na mãe de santo da casa, a Yalorixá Maria José de Santana.
Conhecida também como Mãe Bequinha, a responsável pelo “Ilê Axé Omin Mafé” é a mais antiga ‘filha de Oxum’ do município de Riachuelo, localizado na região do Vale do Cotinguiba, no interior do Sergipe. Em muitos momentos, parece ser quem emana força no terreiro às outras filhas de Oxum. Mãe Bequinha se considera vaidosa, porque precisa estar bonita para seu orixá. As outras filhas de Oxum falam, com carinho e respeito, da mãe-de-santo, indo inclusive às lágrimas ao lembrar que seus maiores ensinamentos são a bondade.
Com direção de arte e fotografia por Gabriel Barreto e Marcolino Joe, o documentário apresenta a singeleza da fé, desde a defumação da casa, até a reverência frente aos guias. Com muita sensibilidade, “Eu, Oxum” adentra a vida de mulheres diferentes, captando suas diferenças e semelhanças, unindo-as todas pela mesma fé na força da água doce. Foi nesse contexto que Héloa também mergulhou no sagrado, em busca de espiritualidade, ancestralidade e reafirmação.
Assinada por Vinícius Bigjohn e Klaus Sena, a trilha sonora é dedicada à Oxum e representa do sagrado feminino à natureza dos rios. “Eu, Oxum” reflete o quanto a água doce pode ser singela e pode ser forte. Lembra ainda o quão água são os filhos dessa orixá. O documentário transforma em água também quem o assiste, ao lembrar a força do sagrado feminino. Difícil não ir às lágrimas.
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