Semana passada, no dia internacional da mulher o Canal Futura lançou o documentário #EuVocêTodas Nós. Acompanhando algumas mulheres feministas, numa conversa que revela as nuances do movimento social na era digital, o doc tem uma linguagem que conecta com o tema das redes sociais. O filme consegue apresentar diferentes posicionamentos dentro da luta feminista justamente por não generalizar numa multidão e escolher acompanhar algumas mulheres.
Falar de machismo hoje não é apenas falar das pessoas que seguem o fluxo e não pensam sobre o quanto os mecanismos de opressão estão nos seus atos diários. Falar sobre machismo hoje é também falar sobre os haters. Somos diariamente silenciadas. Pedofilia, assédio, agressão, fiu-fiu, salários desiguais, feminicídio… silenciamentos que operam para proteger os agressores e todas essas formas de violência e muitas outras. Escrever é libertador. É uma via atual para expor os opressores e gerar uma reflexão mais ampla. As redes sociais operam nesse sentido, “como um megafone”, como é dito no documentário. A apropriação que as minorias – em termos de relações de poder – fazem dessa cyber ferramenta é uma novidade da última década.
A união e a força advinda desse modo de empreender a luta feminista é algo presente na fala da maioria das entrevistadas. Unir-se através de uma hashtag que nos faz compartilhar histórias sobre primeiro assédio e perceber que fatos que pareciam isolados se conectam e revelam uma estrutura social que violenta mulheres desde os 8 ou 9 anos de idade é algo empoderador. Perceber que o problema não está na vítima e pensar em conjunto sobre como podemos superar essas estruturas opressoras são os novos desafios que se colocam e que esse filme nos ajuda a pensar.
Parabéns à diretora Ellen Paes e ao cineasta Rafael Figueiredo, responsáveis pelo filme. Que mais filmes que deem visibilidade a lutas invisibilizadas possam existir. O filme #EuVocêTodasNós é uma produção do Canal Futura em parceria com a Coopas e está disponível no Futura Play.