Parece notícia velha, mas não é, pois o post é sobre a hipnose que o show bussiness faz em nossos cérebros para consumirmos algo que ainda nem sabemos que irá bombar nas próximas estações. E para entender a hipnose que nos faz querer consumir pelo menos um look bafo do que estará nas vitrines, é simples, basta perceber a estreita relação existente entre a Indústria da Moda, Beyoncé e o filme mais esperado do ano; “The Lion King” (O Rei Leão). O truque que nos faz consumir aquela blusinha fashion da vitrine é realizado quando assistimos a clipes como Spirit lançado para a trilha sonora do remake na voz da diva mór. Espia o clipe, novamente, e repara na belezura e na surra de trends que é isso aí, e depois volte da viagem para terminar o nosso “papo reto” sobre o impacto que clipes como esses causam em mortais como todos nós.
Assistiu? agora, entenda a equação do consumo voltando em média um ano, quando pipocavam ruídos de um remake de The Lion King e os mortais desde as primeiras notinhas já entraram no modo “alerta” do que estaria por vir (atraindo, por tabela, a atenção dos futuros consumidores de moda), e em julho/19, o bafão estreou nas telonas após festa no tapete vermelho com audiência da mídia mundial e a presença de digital influencers bombadaços, a “nata” do show business de astros e estrelas do cinema, todos “trabalhados” em looks com cortes, cores e estilos do que seriam as tendências para as próximas estações – looks doados ou até mesmo emprestados dos estilistas de grandes marcas para serem vistos e desejados por mortais do mundo inteiro. Seguindo com a hipnose ocorre a realização da première e novamente há a enxurrada de tendências estampadas nos looks dos convidados, que neste ano, teve até a presença da realeza Meghan Markle de Wimbledon na listinha VIP, e finalmente a exibição do clipe que tem como a “cereja do bolo”, nada menos, Queen B e seu exército de bailarinos num figurino que faz inveja a qualquer semana de moda do mundo. Tem como não ser influenciado pela indústria? Pra tirar qualquer dúvida, espia na seleção de fotos retiradas das imagens captadas do clipe, como todos nós, inconscientemente, recebemos informações de cores, cortes, estilos, acessórios e até mesmo make daquilo que irá nos induzir a gastarmos nossos reais para dar pinta em 2020. Espia a surra de tendências das cenas de Spirit.
Já nas primeiras tomadas do clipão a câmera dá close em Bey toda maravilhosa pagando de Diva do Deserto num look que é misto de tudo que são tendências do próximo verão; o over ao estilo kitsh (exagero) predomina no vestidão com ombro ao estilo romântico, trapeados, babados, sobreposições de tecidos, saia assimétrica, decotão e corpete num vibrante laranja que faz o contraponto a frieza do lilás, tem mais tendências para o verão 2020? Ufa! tem muito, no volumão dos cabelos da rainha, no make de olhos e boca marcados, nos brincos de grandes argolas que nos remetem, imediatamente, a pegada 90´ que irão bombar no calorão 2020.
Nesta tomada do clipe, os mortais levam nova surra de tendências com um exército de bailarinos todos trabalhados em terninhos rosa monocromático, símbolo dos anos 90 e muito difundido com o sucesso do figurino do filme mais amado da época; Patricinhas de Bevely Hills num plus com o conjuntinho alfaiataria P&B (preto e branco) de Bey que lacravam nos fins 90´, início de 2.000. E pra fechar o lacre, além da rainha, seu exército de bailarinos usam bandanas, outro símbolo daquela época que junto com as tranças box braids, que faziam alusão a Bob Marley, um trendy da época, e na cor verde-limão, completam a hipnose do que usar.
A rainha abre os braços num justo macacão (remetendo a uma malha de academia) azul bic, com decotão V, brilho, manga longa e franjas que marcam o over dos anos 80/90.
O berro as tendências aqui ficam por conta do já citado laranjão, decote V e o look total white dos bailarinos (look branco monocromático) que já sabemos darão “corpo” aos looks dos seres fashionistas empoderados e antenados de 2020.
Surra de terninhos monocromáticos rosa e bandanas – túnel do tempo aos anos 90.
Nesta tomada muda tudo, vemos a cor, que junto com o amarelo, serão predominantes da estação 40 graus; o vermelho. O estilão de roupas lembrarão as utilizadas nas academias, dá-lhe mais franjas e faixa no cabelo para compor o mix de tendências.
Aqui, Bey e bailarinas vão no detalhe pra nos arremessar direto aos anos 90; bocão e olhão marcados, trancinhas feitas com material sintético (kanekalon) representando o box braidsusado pela personagem Dione (Stacey Dash) em Clueless – As Patricinhas Beverly Hillse presos com faixa (se o clipe não fosse da Bey poderíamos confundir a tendências Kanekalon por trancinhas usadas em Britney Spears, também fenômeno na década). Destaque a cartela de cores no frescor do verde-limão fins dos anos 80.
Bey põe pra jogo o azul bic pra martelar em nossas “cucas” uma das cores tendência.
Interessante como os bailarinos usam as tendências sem ao mesmo nos darmos conta, vai direto para o nosso inconsciente, mas os trends estão nas roupas coladas tipo malhas de ginástica, na calça fusô, nas camisetas de manga comprida em lycra e na cartelinha de cores que já decoramos como uma das cores tendência; o laranjão.
A tomada é bem semelhante à imagem anterior, porém com a fofura de Blue Ivy (miniatura de Bey) pra gente morrer de amor pelo clipe e figurino, sendo o destaque às meninas superpoderosas do ballet com roupinhas ao estilo academia e mangas compridas, referência na época. E aqui, peço licença poética pra comentar a postura empoderada das meninas que na década de inspiração ainda não era forte, porém, atualmente, é basicamente regra nos trabalhos de Bey, a exemplo o crespo resistência e a diversidade de corpos da mulherada, mas mô bem, se não for pra colocar mensagens subliminares da luta negra nos clipes de Bey, a diva nem vai.
Saia assimétrica em look azul bic monocromático… alô anos 80/90, são vocês?
O close no carão, não é toa, e o figurinista do clipe não brinca em serviço quando se trata de esfregar em nossas fuças as tendências; babados no decote romântico em lilás, brincos de argolas gigantes, olhos e bocas marcados no make metálico – muito, mas muito 90´, catou o recado?
Pra finalizar, Bey se joga no rosa babadeiro e predominante nos looks românticos de “Particinhas de Beverly Hills”.
Alguma dúvida, do poder da hipnose que a Indústria da Moda faz com nossos cérebros para consumirmos o que querem que seja consumido? Não há dúvidas. E, você que leu este post, ops… foi abduzido direto para os anos 90.
Carol Lee Dutra – Designer de Moda por formação