Por Brian Alan Parris
Tido como um dos melhores rappers do cenário nacional, Rincon Sapiência, lançou hoje seu aguardado álbum de estreia, chamado “Galanga livre”. Inspirado numa história da escravidão, mais precisamente na lenda de Chico-Rei, trazido para o Brasil como escravo, mesmo sendo rei no país do Congo, na África.
Galanga livre é composto por 13 faixas e desde a primeira, é possível identificar a presença da negritude que distingue o MC paulistano de qualquer outro presente na cena hoje. A mistura de ritmos, que vão desde a capoeira até ao blues, passando pelo coco e pela tropicália, até o afrobeat, permeados pela sua veia rock and roll característica , prova que ele bebeu de varias fontes até chegar ao ponto que queria. Deve ser destacado o lado produtor fato da produção ser feita inteiramente por ele, com exceção da faixa “Amor as escuras”.
A narrativa se constrói em cima do empoderamento dos pretos e pretas no Brasil, puxando alusões históricas e unindo isso com vivências modernas.
É muito nítido que cada faixa é contada como se fosse um “processo de liberdade, no qual Rincon é um escravo e se rebela contra o sistema que está o oprimindo. Na primeira faixa, chamada ‘Crime bárbaro’, ele narra o caso em que Galanga escravizado mata seu ‘dono’ para poder se libertar da vida de sofrimento. Depois disso, ele passa o disco contando das coisas que ele enfrenta e das situações de vida, como numa das melhores faixas, chamada “A volta pra casa”. Ele consegue transmitir fielmente sua posição e opinião como preto ativo e que busca uma melhor condição de vida, enfatizando que deve haver uma união e maior conscientização da sociedade brasileira.
O resultado do trabalho é uma união de contextualização histórica, mensagens atuais e é claro, um mix de afro raps intensos, que reforçam um discurso impactante, sob a ótica e habilidade mágica do Mc em combinar palavras e transforma-las em lindas canções.
O maior sucesso de Rincon até agora, chame-se “Ponta de lança -Verso livre”, lançada a alguns meses e que virou um hino da resistência para o povo preto. Deixamos ela aqui como aperitivo para você se envolver com a vibe do rapper , e depois navegar nesse universo chamado, Galanga livre.
Brian Alan Parris Reis, 22 anos, estudante de Jornalismo e apaixonado pela ideia de ajudar a mudar o mundo.
