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terça-feira, 03 outubro 2023
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Racismo não é “loucura”

Durante uma série de episódios racistas, o agente do preconceito racial é chamado ou tido como louco. É o que aconteceu, por exemplo, no episódio de racismo no metrô do Rio de Janeiro, conhecido pela repercussão do vídeo que denunciava uma mulher branca ofendendo gravemente uma mulher negra por conta de sua cor.

Aos gritos, alguns passageiros pediram que a mulher saísse do metrô porque era louca. Assim como outras pessoas que se envolvem em casos como esse, o episódio não demonstrou um estado de loucura mas, sim, de racismo.

Isso porque loucura é um termo pejorativo antes associado à psicose, que sequer deve ser atribuído às condições da mente humana caracterizadas por pensamentos que não são comuns à sociedade hoje, com o desenvolvimento de áreas como a psicologia e a psiquiatria.

Enquanto isso, o racismo é uma questão estrutural relacionada à hierarquia entre raças, caminhando também pelas relações de poder. Nesse contexto, se identifica por exemplo o mito da democracia racial, apontado pela ONU, no Brasil.

Tendo em vista o racismo no Brasil, apresentar uma ideia racista talvez nem possa ser tido como pensar diferente da sociedade. Num país composto por aproximadamente 54% da população negra, onde episódios como o do metrô são recorrentes, o racismo é estrutural.

Mais do que isso, transformar – ainda que de forma pejorativa e ultrapassada – o racismo numa condição da mente humana é tornar legítima a expressão do ódio contra a negritude, por se entender aquilo como uma doença.

O racismo não pode ser tido como loucura por quem não avalia profissionalmente a mente humana, unicamente pela expressão coletiva e pejorativa sobre quem apresenta diferentes comportamentos. E, em boa parte das situações, o racismo é fruto da manifestação do ódio racial tão presente historicamente no Brasil, agora também ainda mais escancarado nesse momento político.

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