por Antonio C. Oliveira
Ele foi o artista favorito declarado do rei do pop. Era admirado publicamente por músicos do cacife de James Brown e Stevie Wonder. Ainda nos idos dos anos 1980, influenciou diretamente novos artistas negros americanos como Terrence Trent D’Arby e Lenny Kravitz. Até mesmo um certo Eric Clapton (que era chamado de “Deus” da guitarra) chegou a falar que ele era simplesmente o maior guitarrista de todos os tempos.
Multiinstrumentista, compositor, produtor, Prince Rogers Nelson, ou simplesmente Prince, era um artista de dar inveja a gente grande. Começou a compor cedo, aos nove, e apenas dez anos depois lançou seu primeiro disco, o clássico For You. Ao longo de 37 anos de carreira, gravou 36 álbuns, ditou tendências na música, na moda, nos videoclipes – até inventou de ser ator, péssimo por sinal, no filme Purple Rain. Mas era no palco que ele mostrava que não tinha vindo a este mundo para brincar. Cantava muito, cantava feito homem, feito mulher, às vezes feito bicho. E tocava guitarra, como tocava.
Em 2007, ano em que lançou o obscuro (e excelente) álbum Planet Earth, surpreendeu o mundo numa apresentação de 12 minutos no intervalo do Super Bowl – a maior audiência da TV americana! Foram apenas 12 minutos, mas que entraram para a história como a maior e melhor performance de um artista na NFL, a Liga Nacional de Futebol (confira no player abaixo um mini-doc sobre esse dia)! Em 1991, veio ao Brasil para dois shows aclamados pela crítica no Rock in Rio. Ameaçou voltar em 2011, para uma apresentação no festival Back2Black, mas cancelou o show sem dar motivos.
Prince vivia por sua música e para sua música – e ai de quem tentasse meter o bedelho nisso.
Nos idos dos anos 1990, rompeu com a Warner Music, por causa de liberdade artística, e adotou um símbolo no lugar de seu nome, boicotando a gravadora. Recentemente, em 2010, rompeu com a Universal Music, sem muitas explicações. Quem procurar por suas músicas no YouTube terá uma triste surpresa e nem mesmo os serviços de música em streaming têm o catálogo do músico em suas fileiras.
No ano passado, Prince lançou mais um trabalho que ninguém ouviu, o álbum intitulado HITnRUN Phase One. Mas ele não parecia se importar com isso mesmo – coisa de gênio multimilionário.
Esta semana, a pouco mais de um mês de completar 58 anos, Prince foi encontrado morto em sua casa em Minneapolis, na última quinta-feira, dia 21. A causa da morte não foi divulgada, mas a polícia descartou suicídio e o laudo final deve levar mais duas semanas pra sair – o site de fofocas TMZ publicou que Prince pode ter sofrido uma overdose de um tipo de analgésico.
De qualquer forma, seja qual for o motivo de sua morte, a verdade é que Prince nos deixou definitivamente, para tristeza do mundo. Perdemos um gênio da música universal. Mas já tínhamos ganhado tanto, não é mesmo?
Fica aqui nossa homenagem a esse artista que rompeu fronteiras, todas as possíveis.
Rest in peace, you sexy mother f…
Antonio C. Oliveira é jornalista, roteirista e crítico de cinema. Sergipano radicado em São Paulo desde 2002, trabalha como desenvolvedor de conteúdo para cinema, televisão, internet e celular há mais de dez anos e escreve a coluna Plug-In às sextas-feiras no site Clube Sexy.