Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens, do Coletivo Negro, faz 12 apresentações em teatros municipais da capital paulista e uma apresentação na Fundação Casa, após passar por diferentes palcos da cidade e também do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Paraná.
Inspirada em relatos reais e na produção cultural de homens negros, a peça Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens, que rendeu o 6º Prêmio Questão de Crítica ao dramaturgo, ator e diretor Jé Oliveira em 2017, retrata a experiência de ser negro na periferia de São Paulo e presta homenagem a um dos maiores grupos de rap do Brasil, o Racionais MC’s, que completou 30 anos de existência em 2017.
A temporada gratuita se inicia com três apresentações no Teatro Municipal Flávio Império a partir de 30 de junho, 20h. Os teatros Alfredo Mesquita, Cacilda Becker e Paulo Eiró também recebem três apresentações cada, até agosto, além da Fundação Casa da Vila Maria que recebe uma apresentação especial fechada com a participação de KL Jay, dos Racionais MC’s.
A montagem mergulha no universo da palavra falada e cantada por meio da construção poética de Jé Oliveira, em cena, acompanhado por cinco músicos, produzindo a trilha sonora simultaneamente – Cássio Martins (baixo), Fernando Alabê (percussão e bateria), Mauá Martins (pianos e MPC), Melvin Santhana / Gabriel Longhitano (guitarra, violão e voz) e DJ Tano – ZáfricaBrasil.
O espetáculo é a materialidade cênica e poética que Oliveira escolheu para formalizar sua investigação sobre a construção da masculinidade negra periférica. A montagem traz a força da musicalidade para o palco e se entende como uma “peça-show”, para ser ouvida, sentida e vista.
Baseada em entrevistas com 12 homens negros de diversas idades e ocupações, o roteiro encontrou uma unidade em suas trajetórias e a narrativa foi construída a partir dessas experiências. Os entrevistados foram Akins Kintê, poeta e diretor de cinema, Allan da Rosa, professor e artista, Aloysio Letra, artista, Fernando Alabê, músico, João Nascimento, percussionista, Kl Jay, DJ e rapper, Melvin Santhana, músico, Renato Ihu, produtor e pesquisador, Salloma Salomão,artista e intelectual, Seu Luís Livreiro, vendedor de livros, Will Oliveira, modelo, e Zinho Trindade, poeta.
A peça representa uma afirmação de luta. “Esse espetáculo é uma intenção sobre a vida, é uma afirmação da existência mesmo sob os escombros. Os encontros que tive com cada entrevistado foram de vida que pulsa e espero ter traduzido um pouco disso na encenação”, destaca Oliveira.
Para Kleber Geraldo Lelis Simões, o DJ KL Jay dos Racionais MC’s, participar ativamente da peça é uma honra. “Trabalhar com o Farinha com Açúcar é ser protagonista, ali no palco, ao vivo! É um privilégio”.
Vista por mais de 15 mil pessoas desde a estreia em março de 2016, foi considerada destaque na mostra oficial do 26º Festival de Teatro de Curitiba e Jé Oliveira foi um dos contemplados no 6º Prêmio Questão de Crítica pela criação. Nesta edição do prêmio também foram contemplados os artistas Grace Passô, Márcio Abreu, Teuda Bara, Roberto Alvim e Juliana Galdino, Lia Rodrigues, entre outros.
O cantor e produtor musical Lino Krizz, parceiro de Mano Brown em Boogie Naipe, foi convidado especial em uma das apresentações recentes do espetáculo e destacou o impacto da peça.
“Deus me presenteou com dupla honra. Primeiro porque jamais imaginei que um dia eles me chamariam para cantar uma canção minha no meio da peça e isso foi mágico. Segundo e mais importante: a primeira vez que fui assistir a este espetáculo, foi tamanho o impacto, que logo de cara fiquei em choque com a objetividade dos atos de abrir estas feridas que nunca se fecham, além da identificação imediata com a impecável escrita e interpretação dos textos em sincronia com a banda e o DJ. Com a mais absoluta certeza e sem a menor sutileza, Farinha com Açúcar põe muita superprodução aos pés da favela”.
Após o encontro com tantas pessoas de diversas localidades, Jé Oliveira destaca a força para permanecer firme nessa caminhada.
“Essa obra busca ser vida estendida no encontro com o público: dor e celebração, força e lágrima. Cada olhar atento, silêncio, cada abraço, mensagem recebida após a peça é alento, conforto e norte para que continuemos vivos, fortes e cada vez mais pretos”.
O Coletivo Negro prepara para esse ano o lançamento do livro com a dramaturgia da peça e um cd com audição na íntegra, contendo as músicas e textos da obra. Duas apresentações em campos de várzea na periferia paulistana também estão sendo fechadas e tem participação confirmada na 27ª edição do Festival de Teatro do Agreste – Feteag, que acontece em outubro em Caruaru – PE.
Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens foi contemplado na XXV e na XXIX Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, selecionado pela Funarte pelo edital Cena Aberta e convidado a abrir o 1º FELT – Festival Livre de Teatro, realizado pela Escola Livre de Teatro de Santo André. Em São Paulo foi apresentada nas unidades SESC (Santos, Pompéia, Campo Limpo, Araraquara, São José do Rio Preto, Itaquera, Campinas, São Carlos, entre outros), na Funarte, na Escola Livre de Teatro de Santo André e no Itaú Cultural. No Rio de Janeiro, no SESC Copacabana, em Minas Gerais, no SESC Palladium e no Paraná, no Festival de Teatro de Curitiba.
Sobre o Coletivo Negro
O Coletivo Negro é um grupo de pesquisa cênico-poético-racial que há nove anos se dedica à investigação da presença do negro no teatro brasileiro. Formado por Aysha Nascimento, Flávio Rodrigues, Jefferson Mathias, Jé Oliveira e Raphael Garcia. Recebeu duas indicações ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro com a obra Movimento Número 1: O Silêncio de Depois…, nas categorias Melhor Elenco e Grupo Revelação. Concorreu ao Prêmio Qualidade Brasil, por sua ocupação artística no TUSP (Teatro da USP). Em 2017 foi contemplado com o 6º Prêmio Questão de Crítica por Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens. O grupo já se apresentou em alguns dos principais palcos da cidade de São Paulo e do país, como Auditório Ibirapuera—Oscar Niemeyer, Itaú Cultural, TUSP, Teatro Villa Velha (Bahia), CCBB-Minas Gerais, SESC (Pompeia, Santos, Campo Limpo, Araraquara, Palladium – MG, Copacabana – RJ), Cooperifa, Galpão do Folias.
Saiba mais no site www.coletivonegro.com.br
SERVIÇO
Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens
Duração: 80min
Classificação: 16 anos
Gênero: Teatro Épico
Teatro Municipal Flávio Império
Quando | 30 de junho, 1 e 2 de julho – De sexta à sábado, 20h e domingo, 19h.
R. Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaiba, São Paulo. Tel. 2621-2719.
Teatro Municipal Alfredo Mesquita
Quando | De 14 a 16 de julho – De sexta à sábado, 20h e domingo, 19h.
Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo. Tel. 2221-3657.
Fundação Casa Vila Maria – apresentação especial com KL Jay (fechada)
Quando |21 de julho, 15h
Teatro Municipal Cacilda Becker
Quando | De 11 a 13 de agosto – De sexta à sábado, 20h e domingo, 19h.
R. Tito, 295 – Lapa, São Paulo. Tel. (11) 3864-4513
Teatro Municipal Paulo Eiró
Quando De 18 a 20 de agosto – De sexta à sábado, 20h e domingo, 19h.
Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo. Tel. 5686-8440
Para as apresentações nos teatros municipais os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência.