De antemão, é verdade que não se compara tragédias: isso seria desonesto. Mas, por outro lado, é possível comparar as reações às tragédias.
Na última segunda-feira (15), um incêndio acometeu a Catedral de Notre-Dame, um dos mais famosos patrimônios europeus, também conhecida por sobreviver à Revolução Francesa e a duas guerras mundiais.
Sem dúvidas, a destruição surpreendeu o mundo, que se manifestou publicamente, nas redes sociais, publicou fotos das visitas ao espaço, doou 600 milhões de euros para a reconstrução da catedral.
Empresários de diferentes partes do mundo uniram-se para colocar de pé novamente um símbolo arquitetônico cuja construção inicial foi à base de trabalho escravo, que durou mais de 180 anos, falsamente legitimado pela vontade de Deus.
Por outro lado, o Ciclone Idai atingiu regiões de Moçambique, do Maláui e do Zimbábue no dia 15 de março deste ano, deixando mais de mil mortos, além de mais de 4 mil pessoas contaminadas pela cólera, segundo a Associated Press.
Diante do acontecido, ONGs e a sociedade civil têm lançado uma série de correntes de ajuda para as regiões afetadas pelo Idai. Ainda assim, mesmo com os pedidos de socorro, os países do continente africano não têm tanto apelo quanto os do continente europeu.
Aparentemente, um símbolo arquitetônico branco vale mais do que vidas pretas que já foram tiradas e outras aos poucos sendo sugadas pelos males da cólera. A prova disso são as fotos publicadas nas redes sociais de gente que pode contemplar de perto quão alta e bela era a catedral.
Mais uma vez, não se pode comparar tragédias, mas é importante se comover pelas que envolvem a história branca e as que envolvem vidas negras, já que mesmo a história africana foi negligenciada pelas ações da Europa no passado.
E se a desculpa é não saber como ajudar as vítimas do ciclone Idai, abaixo uma lista de possibilidades elaborada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) – e, além disso, não deixem as tragédias, sejam elas naturais ou não, caírem no esquecimento: nem Mariana, nem o prédio Wilton Paes de Almeida no Largo do Paissandú, nem Brumadinho, nem o Museu Nacional, nem o ciclone Idai, nem o ataque à Líbia, nem Notre Dame.
Como ajudar vítimas do ciclone Idai:
A ONU coordena respostas de emergência como a provocada pelo ciclone Idai por meio do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Doações podem ser feitas pelo site https://crisisrelief.un.org/Mozambique-flash-appeal. Informações adicionais sobre a resposta coordenada pelo OCHA estão disponíveis clicando aqui.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) é uma das agências da ONU que lideram a resposta de emergência na região. Para doar, acesse: https://give.wfp.org.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) abriu um canal direto para doações. Acesse em https://secure.unicef.org.br/Default.aspx?origem=emergencia.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está atuando na região e recebe doações pelo link https://doar.acnur.org.
Outros organismos internacionais:
Médicos sem Fronteiras – reúne doações em dinheiro para arcar com equipamentos como filtro de transfusão, soro e purificadores de água. Clique aqui para ajudar.
ActionAid – Fundo de emergência recebe doações em dinheiro, no valor mínimo de R$ 35. A meta é arrecadar R$ 50 mil para as necessidades mais imediatas como água potável, alimentos, combustível e kits de higiene. Clique aqui para ajudar.
Save the Children – coleta ajuda destinada a ajudar crianças. Clique aqui para ajudar.
SOS Children’s Villages – faz campanha por doações para oferecer cuidados às crianças vítimas do ciclone. Clique aqui para ajudar.
ASEM Mozambique – organização filantrópica sediada em Moçambique. Clique aqui para ajudar.
Humanity & Inclusion – doações de alimentos, água e abrigo aos atingidos pelo ciclone. Clique aqui para ajudar.
Caritas – aceita doações em dinheiro pela internet para custear alimentos, medicamentos, abrigo e itens de ajuda humanitária. Clique aqui para ajudar.
Oxfam – tem o objetivo é ajudar 500 mil pessoas com água tratada e comida. Clique aqui para ajudar.