Quem nunca presenciou uma situação em que alguém pensa estar elogiando uma mulher ou homem negros dizendo que sua beleza é exótica? Principalmente em épocas festivas, quando a beleza é exaltada, essa afirmação vem como uma bomba sobre quem carrega em seus traços a resistência.
Fugir aos padrões de beleza eurocentrados não torna negros e negras exóticos. Muito pelo contrário: assumir suas belezas naturais é mais um grito de resistência e de referência ancestral da luta de muitos outros que vieram.
Não se entregar ao que, por tanto tempo, foi considerado belo e assumir o que socialmente ainda é marginalizado, é mais um ato de coragem. Entender sua própria beleza quando as empresas, as revistas, a televisão e tantos outros espaços dão passos lentos à inserção de negros e negras, principalmente os que fogem aos padrões, é se expor.
Ser negro, assumir suas raízes e, portanto, ser diferente dos padrões enraizados culturalmente, não é ser exótico. Reconhecer em si mesmo sua ancestralidade e sua beleza não tem nada de exótico. Ser diferente do padrão branco é resistir e não se entregar.
É lembrar que no sangue corre vida ancestral que os livros de história não conseguem lembrar com respeito, nem com coragem. Por isso, é carregar em cada traço, cada vez mais vida e força.
MSomos bonitos. Não exóticos.