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terça-feira, 03 outubro 2023
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Negros são duas vezes mais agredidos por policiais e seguranças particulares

Charge Latuff @dincao
Charge Latuff @dincao

Segundo o Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça no Brasil, divulgado na última segunda-feira (06), pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), negros são duas vezes mais agredidos por policiais e seguranças particulares, em relação brancos.

Fundamentado nas antigas coletas da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), o IPEA desenvolveu uma análise sobre a desigualdade de raça e de gênero no Brasil, com foco em saúde, renda, pobreza, saneamento, dentre outros aspectos.

Com base em informações coletadas pelo IPEA, de 2009, mais de 2,5 milhões de brasileiros relataram que, em algum momento, sofreram algum tipo de agressão física. Nesse caso, não necessariamente policial. No entanto, desses registros, mais de 113 mil casos de violência foram cometidos por seguranças particulares ou policiais. Dentre as vítimas do abuso de autoridade, 38.365 eram brancas, enquanto 74.754 eram negras.

A pesquisa apenas confirmou outro dado, divulgado pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) em março de 2014, que revelou ser três vezes maior a morte de negros do que a de brancos pelas mãos da Polícia Militar de São Paulo.

A carne mais barata do mercado, a carne mais marcada pelo estado. Não basta ser maioria nas regiões de alta vulnerabilidade como resultado de uma política abolicionista excludente. Não basta ser maioria da população no Brasil e minoria nas universidades públicas e privadas. Não basta ser maioria nos presídios brasileiros e viver cada dia um novo massacre. Não basta ser maioria dos desempregados e dos analfabetos. Não basta toda a insuficiência a que o povo negro é submetido. Além de tudo, ainda é essa parcela da população a que é machucada ou morta pelas mãos da autoridade que devia proteger.

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