Nesta semana, viralizou nas redes sociais um texto sobre sermos todos iguais diante dos efeitos do Coronavírus sobre o mundo. Realmente, todos podemos ser infectados. Mas nem todos podemos entrar em quarentena ou ter direito ao diagnóstico.
O Brasil é um país desigual. Parte da população ainda não tem acesso a direitos básicos como saneamento, moradia, luz ou água. Como esperar que esta mesma parcela higienize as mãos com álcool em gel?
Estamos falando de diferentes condições. Há quem não tenha também acesso à informação. Há pessoas em situação de rua também, sem comida, sem água, sem qualquer direito. O texto falava também sobre a aproximação das famílias. Estas pessoas, por exemplo, também não costumam ter família.
Nas periferias, as pessoas seguem saindo pela manhã e pegando duas, três conduções para chegar ao trabalho. Nem todo mundo pode estar em quarentena. Infelizmente, esse direito é também um privilégio.
Não vimos o caso da empregada doméstica que seguiu trabalhando e foi infectada pelo vírus? Então, não somos todos iguais. Quantas pessoas devem estar infectadas e sequer sabem por não ter acesso a um teste?
E quantas pessoas, caso diagnosticadas, não poderiam entrar em isolamento por viverem com muitas outras num espaço pequeno, tantas vezes de um só cômodo?
Não romantizem o Coronavírus. Por mais que o vírus não escolha quem infectar, os sistemas direcionam quem sofre mais com a expansão da doença.