“Memórias em Verde e Rosa” conta histórias de quem construiu uma das maiores referências da cultura carioca: a Estação Primeira de Mangueira. Em pouco mais de 80 minutos de filme, são relatadas as interferências do samba sobre a comunidade, incluindo memórias de artistas como o eterno Cartola. Contam até que tinham de disfarçar o samba, já que as autoridades enxergavam o ritmo como vadiagem.
Com direção de Pedro Von Krüger, o documentário tem o compositor Tantinho como quem conecta os enredos da vida real. É ele quem confessa a trajetória dos mais ilustres artistas da Mangueira, do mestre-sala Delegado até o maior vencedor de samba-enredo da escola, Hélio Turco. Dentre os contos que mais parecem lendas, Tia Suluca representa na avenida, na rua e no coração a ala das baianas: é ela a baiana mais antiga da Mangueira.
A produção audiovisual faz lembrar os tempos em que o samba quase não descia do morro para o asfalto, hoje tão diferentes, incluindo uma crítica à “comercialização” do samba-enredo, pela voz de Hélio Turco. Embora a ideia seja apresentar ao mundo a imensa quantidade de compositores e artistas que a Mangueira já descobriu, o longa traz além dos depoimentos alguns raros arquivos de grandes vozes como Geraldo Pereira, Cartola e Nelson Cavaquinho.
O documentário de Pedro Von Krüger fica em cartaz no Cine Joia, em Copacabana. Que venha também a São Paulo, fazer a selva de pedra lembrar a importância de seguir a batida do surdo e de encaminhá-la ao mundo.