Reconhecida pela luta sobre o fim da violência contra a mulher no Brasil, Maria da Penha, cuja lei federal nº11.340/2006 carrega seu nome, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz 2017. A farmacêutica, que sofreu duas tentativas de homicídio pelo próprio marido na década de 1980 e ficou paraplégica devido às agressões a que era submetida, denunciou a violência e enfrentou judicialmente o cônjuge durante quase 20 anos, até que ele finalmente fosse preso.
Diante não apenas da sua, mas da história e realidade de muitas brasileiras, Maria transformou dor em luta, em defesa das mulheres. Segundo o Mapa da Violência 2015, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de países cuja taxa sobre o crime de assassinato contra a mulher é bastante expressivo. Quando realizada a pesquisa, a Lei Maria da Penha já existia, o que revela provavelmente ter sido ainda maior a incidência de mulheres machucadas ou mortas em território brasileiro, considerando a importância da legislação sobre a diminuição das taxas.
De acordo com o mesmo relatório, dos 4.762 assassinatos de mulheres registrados no Brasil em 2013, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo que em 33,2%, mais da metade destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex. Em meio a essas estatísticas, a pesquisa aponta que a taxa de assassinatos de mulheres negras aumentou 54% em dez anos, enquanto a de mulheres brancas felizmente diminuiu 9,8% em 2013, o que revela alguma desproporção sistemática.
De qualquer forma, a indicação de Maria da Penha para o Prêmio Nobel da Paz 2017 revela o reconhecimento da luta contra a violência que precisa ser continuamente travada. A premiação deste ano conta com mais de trezentas indicações, desde o Papa Francisco, proposto por um deputado norueguês visto ser ‘um dos raros a desafiar Donald Trump’ até o próprio, então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump amparado pela ‘ideologia de paz pela força’, que ostenta um discurso opressor contra as mulheres. O comitê Nobel prevê anunciar a escolha de um dos indicados no dia 6 de outubro.