Quando estava pesquisando para escrever sobre Marcos Brey, ouvi “Paladino” no Spotify. Confesso que, a princípio, por não parecer muito com as músicas que eu geralmente escuto, pensei que não ia ouvir mais. Mas isso foi ontem à noite e desde então a música está na minha cabeça.
Marcos Brey já tem uma longa carreira na cena musical brasileira: já participou de bandas, foi baterista, gravou EP e já até gravou um disco desde que decidiu se lançar em carreira solo. Mas seu próximo disco, “Luzir”, é o primeiro acompanhado por uma banda.
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Marcos Brey: Alento
Eu nunca fui muito fã de músicas instrumentais. Lembro de dizer durante grande parte da adolescência que música tinha que ter letra. Mas desde que a pandemia começou e eu tenho precisado de alguma coisa que me inspire, mas não me atrapalhe nas horas de trabalho ou estudo, a música instrumental tem sido uma grande aliada.
Dito isso, recomendo muito o álbum Alento, o primeiro (e verdadeiramente solo) disco lançado por Marcos Brey. O álbum é inteiramente instrumental, está disponível no Spotify e realmente só teve a participação dele – é voz e violão. Sua obra tem grande influência do rock inglês e americano, que foram seu berço musical, mas também da MPB. Em seu perfil no Instagram, há apresentações que vão de Coldplay a Djavan.
“Luzir”, por Marcos Brey
O lançamento de “Luzir” está previsto para 26 de junho de 2021. Para Brey, a data simbolizará a realização de um sonho. Em suas próprias palavras: “Da minha primeira guitarra até aqui, são 20 anos, sim, 20 anos sonhando estar neste lugar. Esse disco é um divisor de águas, porque as pessoas ainda não conhecem o Brey rockeiro.”
Com isso, podemos esperar ver muito mais das influências do rock em sua produção musical. Ele conta ter sido influenciado por nomes como Beatles e Queen. É curioso porque é comum que pessoas negras no rock ainda causam certo estranhamento ou até uma certa impressão de afastamento das raízes, como se o lugar estereotipado e esperado de nós fosse sempre no samba, por exemplo. Herança do racismo. Até porque, vale lembrar, o rock foi inventado por Sister Rosetta Tharpe, uma mulher negra.
Sobre o que podemos esperar do álbum, Marcos Brey dá o recado: “No geral, as músicas falam de superação, de luta, de amor, contam histórias do cotidiano, embaladas na versatilidade do rock, ora agitado e enérgico, ora calmo e doce. Tem rock pesado e tem baladinha.”
A escolha do título
A origem do título do álbum foi uma escolha bastante significativa para Brey: “A música que dá nome ao disco, “Luzir”, fala de se permitir brilhar, de deixar as coisas ruins irem embora e estar aberto às coisas boas. Nesse sentido, Luzir, que quer dizer brilhar, refletir luz e num sentido mais amplo; aproveitar, crescer e desenvolver, remete provocar uma reflexão de que toda pessoa pode ser seu próprio holofote, ela como protagonista de sua história. Remete também ao lugar de onde venho, Ribeirão das Neves, que é apelidada pejorativamente (dentre outros apelidos maldosos) de ribeirão das trevas, um município que é uma grande periferia apesar de ser o mais próximo da capital. Conhecido também pelo grande número de penitenciárias, mas para mim, Neves brilha muito, em todas as áreas, e a artística é efervescente. Por isso, dar um nome que alude a luz a este trabalho artístico, é também muito simbólico.”
Aguardamos o lançamento! Enquanto isso, confira as novidades através de seu perfil nas redes sociais. Essa semana mesmo tem uma participação do artista em uma ofcina gratuita!