Na última quinta-feira (26), uma mulher negra foi vítima de racismo dentro de um ônibus. Aliás, racismo não. Injúria racial. Foi assim que se configurou o crime de uma senhora branca que agrediu verbal e fisicamente Alanne França. Injúria racial não é a mesma coisa que racismo: a diferença é que a primeira se baseia na ação de ofender alguém em específico baseado em sua cor, crença, etnia – sendo afiançável -, enquanto o segundo é o ato de discriminar alguém devido à sua cor, etnia ou crença, baseado na superioridade de uma raça sobre a outra, de modo coletivo.
Infelizmente, mesmo após ser detida pela polícia, a idosa não parou de ofender a vítima. As duas foram conduzidas à delegacia e a agressora foi liberada após pagar uma fiança de mil reais. A injúria racial, que parece trazer pessoalidade ao crime contra a raça, permite que mil reais sejam o suficiente para apagar marcas no rosto, dois tapas também no rosto e ainda palavras como “macaca” e “preta nojenta”.
hoje eu sofri a pior e uma das maiores humilhações que já passei na vida. eu peguei um ônibus e umas paradas seguintes uma senhora subiu. só tinha lugar ao meu lado e ela sentou, já sentou me empurrando com a bolsa pra que eu não encostasse nela.
uma adolescente/criança subiu— ???? (@_alannne) July 26, 2018
Em seu Facebook, a vítima disse não ter sido a primeira vez que sofreu racismo seguido de agressão e que seu psicológico foi duas vezes abalado por essa manifestação de ódio. Atos como esses, caracterizados como injúria racial, permitem reafirmar o mito da democracia racial no Brasil. Esse crime afiançável traz à tona o quanto somos rejeitados por um sistema em que vigora o racismo institucional e estrutural, e que permanece anulando os direitos de mais de 50% da população brasileira.