A mãe Água abre os trabalhos com uma respiração marcante e uma fala sussurrada. Aos poucos, as imagens que mais parecem quadros expressionistas abrem caminho para a vida. O pai Sol chega se espreguiçando para compor essa obra, parte dramatúrgica e parte ficcional. Ficção aqui não é mentira! É apenas um jeito mais livre de contar as coisas. Letícia Sabatella como água e Aílton Graça como sol formaram uma dupla cheia de encantos que nos leva por essa narrativa sobre manhãs ao redor do mundo.
Usualmente assistimos aos programas que narram a vida animal como se fôssemos Deus (aliás, uma ideia bem tradicional de um Deus que fica lá de cima olhando tudo). Observamos à distância algo que não nos diz respeito, reforçando a divisão arbitrária que criamos entre natureza e cultura. Esse filme apresentou uma outra possibilidade explorada até então apenas pelas animações: colocar-nos como amigos de elementais da natureza que nos contam de maneira próxima seu ponto de vista. Os humanos aparecem vez por outra como “elenco de apoio” e sendo objeto de críticas sobre comportamentos que podem levar nossa espécie à extinção.
A ideia de Lawrence Wabha foi a de aproximar esses universos que a cultura Ocidental tentou apartar. Nós humanos compomos a natureza tanto quanto qualquer outra espécie, apesar de sermos – como diz o filme -, a única espécie que mata sem a finalidade de se alimentar. Segundo o diretor “O roteirista Rubens Rewald é um roteirista de ficção e toda a minha carreira em televisão é com roteiristas de documentário. A gente chamou o Rubens, que é professor de roteiro da ECA (Escola de Comunicação e Artes da USP), que não tinha essa proximidade que a gente tem com os bichos, justamente pra ter essa visão mais distante e ao mesmo tempo mais próxima, mais quente. E as crianças têm reagido bem. Tem vários níveis de compreensão”.
Lawrence tem um vasto currículo de produções documentais. Mas a proposta desse filme potencializou suas imagens. As filmagens para o longa foram realizadas entre 2010 e 2015 na Noruega, México, Canadá, Indonésia, Zâmbia, Botswana e Brasil. E a partir do dia 06 de abril, o longa-metragem estará nas salas de cinema para encantar ainda mais adultos e crianças que queiram repensar o modo como vemos o mundo. E que o Sol e as Águas abençoem ainda mais obras que nos façam acreditar num futuro melhor para nosso planeta.
Ficha-Técnica
Direção: Lawrence Wahba
Co-direção: Tatiana Lohmann
Produzido por Ricardo Aidar
Roteiro: Rubens Rewald, Rodolfo Moreno e Lawrence Wahba
Vozes: Leticia Sabatella e Ailton Graça
Produção Executiva: Renata Rudge e Sylvio Rocha
Trilha Original: Fabio Cardia
Montagem: Tatiana Lohmann
Arte: Flavio Reis
Finalização: Zumbi Post
Parceria: Bonne Pioche
Co-Produção: 20thCentury Fox
Produção: Canal Azul
Distribuição: 20th Century Fox