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terça-feira, 03 outubro 2023
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Fama: Quanto vale?

Tem pessoas que almejam a fama, outros que apenas esbarram com elas, mas em qualquer caso, será que realmente vale a pena? Principalmente para pessoas pretas.

Depois de escrever o texto Corrida das Blogueiras e o fardo de ser preta na internet, me deparei com outras situações onde a fama custa muito caro para pessoas pretas. Provavelmente todos se lembram do BBB 21, a edição com mais “representatividade”, porém qual foi o saldo dessa inclusão? Para a cantora Karol Conká, a saída teve um gosto bem amargo: aqui fora ela ganhou apenas o título de vilã e ainda tem que lidar com haters e se estabelecer.

A psicóloga Lumena Aleluia entrou como anônima e teve até mutirões para perder a sua licença clinica. O mais novo exemplo é da influenciadora Sthe Mattos, que participou da Fazenda. No programa, o envolvimento dela com o companheiro de confinamento Dynho Alves causou desconfortos e rendeu a separação de ambos os casais. Porém a sociedade acha pouco e continua massacrando mais ela do que ele.

O fato de ser uma mulher negra acentua todo o contexto, as ofensas que está recebendo são racistas e mostram o incômodo que as pessoas sentem em ver preto sendo gente. Talvez o mundo não esteja preparado para isso, para ver pessoas cometendo erros e pagando por eles, ainda querem crucificar, afinal se crucificam Jesus, quem vai escapar?

Para deixar claro, ninguém está defendendo traições, humilhações e qualquer outro tipo de ofensa, mas será que temos esse poder de carrasco? Karol teve que rebolar para conquistar a agenda que tinha antes, Lumena também, assim como Sthe que vem perdendo seguidores a todo momento, isso sem contar o fator emocional. Ninguém está dentro da cabeça delas para saber como anda a culpa, o autojulgamento, a ansiedade e outras questões. Tudo bem, elas escolheram a fama, mas esse não é o preço que todos pagam. Para os pretos, é um valor maior.

A jornalista e humorista Tia Má saiu em defesa de Sthe Mattos, assim como MC Dricka defendeu e convidou Karol para alguns shows, porque no final só os pretos se protegem. Enquanto isso, DJ Ivis segue normalmente sua vida, tirando fotos com famosos e sendo perdoado pelos seus amigos, mesmo depois de espancar a esposa e tem um vídeo disso.

A fama para pretos cobra alto

Para as pessoas negras, a corda arrebenta, com dinheiro, com visibilidade, simplesmente não importa, o racismo ainda é maior. Muitos comentam que falta ver mais pretos no reality, como por exemplo o De Férias com Ex, porém será que o telespectador está pronto para isso?

Primeiro é preciso aceitar que as pessoas erram e fazem coisas sem sentido aparente. Se desprender daquele dedo julgador, mesmo que o outro tenha julgado e praticar o perdão. O problema é que o nosso país só concede o perdão branco.

Um bom exemplo é o Thor Batista, filho do Eike Batista. Se fizer uma busca básica no Google, as principais notícias sobre o ricaço são coisas fúteis, inclusive em 2019 ganhou até uma matéria importante que fazia comparações entre ele e o Thor da mitologia nórdica. Quem vê assim nem lembra que esse mesmo “menino” atropelou e matou um ciclista, como diria Emicida: “Meu país é um ciclista, fã do filho do Eike Batista.”

A fama e a exposição de ser filho de um bilionário não o prejudicou, na verdade, foi o que salvou, agora no caso dos pretos a visibilidade pode até matar. Não julgo quem se expõe, mas talvez não seja tão vantajoso pôr a sua cara a tapa quando eles estão acostumados a chicotear a sua pele.

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