Não é novidade aos mortais que o conceito de beleza até pouco tempo estava impresso na publicidade, nas passarelas de moda, nas capas das revistas e nas mídias em geral, e que durante séculos determinaram como padrão de belo pessoas com traços europeus, pouco, ou nada, reconhecidos na beleza dos ‘brazucas’, o que restringia esse mercado a alguns pouquíssimos brasileiros miscigenados de descendência europeia.
Foi neste conceito que, por séculos, pessoas altas, esguias, brancas e de olhos claros dominaram o mercado da publicidade como sinônimos de serem os mais belos dos belos nos comerciais de margarina. Porém, de uns tempos pra cá, a democrática internet e principalmente o crescimento econômico de pessoas não brancas no movimento Black Money que, por sua vez, passaram a investir neste mercado como proprietários de marcas poderosas. Alguns negros passaram, ainda, a assumir cargos de decisão e começaram a introduzir na publicidade, nos grandes desfiles, nas capas de revistas e no marketing da beleza, um crescente número de modelos mais próximos da beleza dos brasileiros – mestiços e negros.
Fato é que, a democratização de quem influência o olhar do consumidor e dita o que é belo vem sendo o divisor de águas no mercado publicitário e direcionando a moda para uma forma mais simples e sustentável. Os desbravadores Digital Influencers negros vem dando o but na cabeça da moçada black na hora de consumir sob o slogan: “não nos representa, não consumimos”.
E, o conjunto de todas essas ações beneficia a ‘Todos Negros do Mundo’ pois será caminho sem volta na valorização da beleza nostra. Outro fator relevante na virada de chave do que é ser belo e comercial é a circulação de grandes capitais nas mãos de astros e estrelas negras que estão investindo neste mercado. Os desfiles, com a introdução de pessoas que os representam, a exemplo da descolada Fenty da belíssima Rihanna, do polêmico, porém milionário, cantor de rap e estilista Kenye West, o gênio designer de moda Virgil Abloh – diretor criativo da chiquérrima Louis Vuitton e a cereja do bolo nesta virada de conceitos, a contratação feita pela revista Vogue Britânica – uma das principais publicações de moda no mundo – de Edward Enninful, homem negro nascido em Ghana, que assumiu o cargo de editor criativo da revista.
O reflexo deste movimento é o surgimento do novo belo, desejado e sofisticado, afinal o que movimenta a publicidade é grana na parada e, se a grana está na mão dos negrxs, as portas do mercado publicitário se abrem. E, para ilustrar a transformação a que o TNM está se referindo, senhoras e senhores, conheçam Anok e Mason – os modelos que são melhores amigos fora das passarelas e que se tornaram símbolo das mudanças do mercado da beleza e sofisticação.
Anok Yai chegou com tudo do Egito pra causar o início da revolução dos padrões da moda na Europa. Sem cerimônia ou tempo de carreira, ela faz inveja a muita veterana do mundinho fashion por já ter sido capa das principais revistas de moda do mundo e tornando se referência de beleza e sofisticação ao ser a primeira negra a abrir o desfile da grife Prada na semana de moda elitizada e quase esnobe de Paris.
E, ao lado de Yai, surge Alton Mason filho de jogador de basquete e dedicado a dança chacoalhou o mundo fashion ao virar história por ser o primeiro modelo negro a desfilar para a marca Chanel – pensa quantas décadas foram necessárias para que um padrão estético começasse a se transformar e uma pessoa não branca pudesse desfilar para uma marca de luxo?
Nós do TNM torcemos para que, de fato, sejam mudanças definitivas e não apenas mais um modismo afinal, consumir moda ou beleza, não é mérito somente de uma raça, mas atinge a todos os mortais. Portanto, reconhecer, empregar e valorizar as diversas etnias como representantes do beauty business deverá mexer na balança que poderá equilibrar, não só as oportunidades no ramo da beleza, como em outros nichos corporativos ligados a qualquer setor.