Apesar de representar mais de 50% da população brasileira, homens e mulheres negros dificilmente são representados no ramo da publicidade e propaganda. Com as recentes discussões sobre representatividade e importância da inserção racial para quebra de preconceitos, algumas campanhas têm se preocupado em colocar um negro aqui, outro ali. Nesse dia dos pais, no entanto, O Boticário foi além: trouxe mais que um figurante negro, trouxe uma família inteira.
O resultado já era de se esperar. Negros se sentindo representados ao assistir à propaganda na televisão ou na internet. Brancos não racistas enxergando uma família comum, como tantas que existem no Brasil e no mundo. Brancos racistas reclamando por falta de diversidade e descurtindo o vídeo da marca no Youtube.
A maior parte das publicidades que apresentam famílias trazem um casal branco com filhos brancos ou, pelo menos, um casal inter-racial com filhos brancos para ilustrar um país em que a maior parte da população é preta. Quando a campanha de O Boticário, pensada pela AlmapBBDO traz uma família real em todos os sentidos – da cor da pele à relação paterna fora dos padrões – a minoria bem representada do país clama por diversidade.
Brancos são maioria nas escolas, nas universidades, nos empregos e na publicidade. Essa manifestação coletiva nas redes sociais representa nada mais do que o mito da democracia racial por todos os lados e em todas as áreas. Nas poucas vezes que somos representados, temos de lidar com o incômodo de uma parcela privilegiada e cheia de benefícios há muitos anos. Se estão incomodados com nossa presença nas campanhas, imagine quando ocuparmos a presidência!