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terça-feira, 03 outubro 2023
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Racismo em condenação de babalorixá por perturbação do sossego alheio

Foto: Reprodução/Paulo Paiva/DP
Foto: Reprodução/Paulo Paiva/DP

O Juizado Especial Criminal de Olinda condenou a 15 dias de prisão Edson de Araújo Nunes, o Pai Edson de Omolu, por perturbação do sossego alheio. A decisão foi comutada em prestação de atendimento à comunidade, mas ainda assim o babalorixá entende a ação como intolerância religiosa. Acionado judicialmente em 2016 pelo seu vizinho, por manter atividades na Tenda de Umbanda e Caridade Caboclo Flecheiro, em Olinda, o umbandista não é o único a repudiar a ação da justiça: membros e entidades de religiões africanas também repudiam a decisão.

De acordo com o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, o deputado Isaltino Nascimento (PSB) compartilha da opinião de que a condenação judicial do sacerdote da Umbanda revela o racismo das instituições públicas contra as religiões de matriz africana: “O único crime cometido nesse caso é o preconceito religioso do Poder Judiciário e do Ministério Público em proibir que um babalorixá possa usar, na sua casa, o toque dos tambores sagrados”, declarou o político.

Ao Diário de Pernambuco, Pai Edson revelou que, por várias vezes, em 2015, o autor da denúncia teria impedido a realização dos cultos no terreiro e, o babalorixá teria, ainda, prestado queixa contra o vizinho por racismo religioso e ultraje ao culto. “Estou sendo vítima de um preconceito explícito por parte deste vizinho. Esse processo abre precedentes para outros casos, prejudicando a prática religiosa. Estou sendo alvo de perseguição e intolerância por parte de uma pessoa isolada. Estou sereno, tranquilo na firmeza de Omolu que é senhor do meu ori. Porém, estou disposto a seguir na luta”, disse.

Na comprovação do ato preconceituosos, autoridades do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) teriam visitado o terreiro. Por fim, constataram que o culto começava cedo e terminava cedo, de maneira que o som produzido pelos atabaques, as palmas e os pontos cantados em nada incomodavam o sossego da vizinhança. Com relação à acusação existem, ainda, especificidades sobre a legislação de barulho para cultos religiosos e, nem mesmo ancorado nesse argumento, Pai Edson foi absolvido. “Custo a crer em atitude semelhante contra um padre que esteja simplesmente praticando sua religião”, afirmou Isaltino Nascimento. Infelizmente, apesar dos parágrafos que asseguram a realização da fé afro-brasileira, o racismo institucional se estabelece de forma singela, como aconteceu com Pai Edson de Omolu.

 

 

 

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