Durante a premiação do Screen Actors Guild Awards 2017 (ou, simplesmente, SAG Awards) vários artistas aproveitaram a chance para dar discursos emocionantes, e filmes com protagonistas negros ganharam as categorias mais importantes da noite.
Estrelas Além do Tempo, que estreia no Brasil em breve, ganhou na categoria de melhor Elenco. Para receber o prêmio, a atriz Taraji P. Henson exaltou a história das três mulheres cientistas que são interpretadas por ela e pelas atrizes Octavia Spencer e Janelle Monae: “O filme é uma história sobre união. A história é sobre o que acontece quando deixamos nossas diferenças de lado. E quando nos unimos como raça humana, nós vencemos. O amor vence, sempre”.
Já Viola Davis, que ganhou seu quinto prêmio no SAG e se tornou a primeira mulher negra a ter esse mérito, fez um discurso sobre a importância de contar a história de pessoas negras. Como sempre, sua fala foi precisa e brilhante. Viola nos lembrou que, só pelo fato de existirmos, merecemos ser vistos e ter nossos feitos lembrados.
“O que August (escritor da peça na qual o filme foi inspirado) fez tão maravilhosamente foi honrar homens comuns que por acaso nasceram negros. As vezes nós não precisamos moldar o mundo, nem criar nada que vai entrar pros livros de história. O fato de respirarmos, vivermos uma vida, sermos deuses aos nossos filhos… Apenas isso significa que temos uma história e que ela merece ser contada. Merecemos estar no centro de qualquer narrativa que seja escrita por ai. E foi isso que o August fez. Ele elevou o meu pai, a minha mãe, tios que tiveram pouca educação e colocou-os na história.”
Acompanhando a leva de discursos em resposta as duras medidas de repressão a imigrantes que o presidente Donald Trump fez na última semana, Mahershala Ali fez também um discurso forte. Ele foi o vencedor na categoria melhor ator coadjuvante por “Moonlight” e usou sua chance para falar da beleza de olhar as diferenças entre as pessoas. Seu discurso foi traduzido na íntegra aqui:
“Eu acho que o que eu aprendi em “Moonlight” foi entender o que acontece quando se persegue pessoas. Elas se resguardam. E o que foi mais gratificante em ter a oportunidade de interpretar Juan foi poder ser um homem que viu um garoto se resguardar como resultado da perseguição de seu povo e ter a chance de reerguê-lo e dizer a ele que ele importava, que estava tudo bem e aceitá-lo. E… eu espero que façamos um trabalho melhor agora. Nós ficamos presos nos detalhes que nos fazem diferente, mas eu acho que existem duas maneiras de ver isso. Existe a chance de ver as texturas dessa pessoa, as características que tornam ela única, e tem a chance de ir numa guerra contra essas características, dizer a essa pessoa que é diferente de mim: “não gosto de você então vamos brigar”.
Minha mãe é pastora. Eu sou muçulmano. Ela não ficou muito feliz quando eu liguei pra ela dizendo que tinha me convertido, 17 anos atrás. Mas vou dizer uma coisa – colocamos isso de lado e eu fui capaz de vê-la e ela foi capaz de me ver. Nós nos amamos. O amor cresceu. E aquilo se tornou só um detalhe, já não era algo tão importante. Eu preciso agradecer Tarell Alvin McCraney pela sua coragem. Agradeço Barry Jenkins pela sua sensibilidade, pelo seu brilho e pela sua direção. Só pela sua colaboração e pela oportunidade, eu sempre o levarei comigo. Eu quero agradecer meus queridos companheiros no filme. Todos aqueles jovens poderiam estar aqui segurando isto. Foi um trabalho lindo. Obrigada. Que a paz esteja convosco.”