A que ponto chegamos Brasil?
Ao mesmo tempo que fico perplexa quando vejo a falta de respeito e o abuso que algumas marcas continuam perpetuando, também fico extremamente feliz ao ver que não mais nos calamos! A internet nos deu voz, e não serão as contínuas ameaças que recebemos que irão nos enfraquecer.
No final da semana passada, uma marca de acessórios de Navegante/SC publicou na sua página do Facebook a foto abaixo:
Brincos Mucama! Aham, Mucama! Obviando a questão de apropriação cultural, digna de um textão à parte, chega a ser nauseabundo ver como as pessoas continuam nesta construção racista, encima do pódio da branquitude, com nula sensibilidade e moralidade na hora de referir-se a nós negros.
Nas redes sociais foi um rebuliço, muitos alçaram a voz de indignação perante tal absurdo, pois pra quem não sabe, o termo mucama se referia basicamente à “escrava de estimação”, sim sim, aquela que servia para ser violada, que servia como mãe de leite, que realizava os serviços domésticos, etc. Ora, porque nos ofendemos tanto então? Alguns têm a coragem de perguntarem isso. Outros, como a loja em questão, que ao meu ver deveria ter se limitado a desculpar-se publicamente e a refletir internamente, se dedicou a realizar ameaças contra as pessoas que protestaram e compartilharam a ridícula publicação.
Pois é, vivemos num estado onde a branquitude impera ao ponto de não reconhecer o quão daninhos podem chegar a ser, ao ponto de banalizarem algo tão grave como uma mulher branca com um brinco com o desenho de uma mulher negra e ainda por cima chamar tal brinco de “mucama”.
Como já alertou a incrível Grada Kilomba, o dever das pessoas brancas não é perguntar-se se são ou não racistas e sim perguntar-se como descontruir o seu próprio racismo. É tornar-se cientes de que são brancos e a bagagem de privilégios que isso supõe.