O primeiro concurso de beleza com júri composto de “máquinas” ou, em termo mais adequado, de “inteligência artificial”, o Beauty A.I 2.0, foi criado para excluir a subjetividade da escolha do que é belo. A ideia era a imparcialidade e total neutralidade, para julgar apenas aspectos como a simetria do rosto e marcas de expressão. Quase 6000 pessoas em mais de 100 países enviaram fotos para análise destes algoritmos – os algoritmos são sequências lógicas que são inseridas nestes sistemas, para que haja uma avaliação do robô, baseada nestas informações.
Quando o resultado foi divulgado, os cientistas chegaram à conclusão de que, dos 44 ganhadores, somente 1 era negro, ou melhor, negra: Sheri Eastman, de 46 anos, foi uma das ganhadoras do concurso na faixa etária dos 40 aos 49 anos.
A resposta oficial dada pelo cientista-chefe do concurso, Alex Zhavoronk, é de que somente 1% dos participantes eram negros e 7% indianos, o que impossibilitou a escolha de mais negros, por conta da pouca oferta de concorrentes de pele escura. A equipe responsável também não aceita a versão de que os dados inseridos para base de análise, deste tipo de inteligência, são racistas.
Com o Google, que usa como ferramenta de busca as sugestões de palavras que damos todos os dias, é notória a preferência por indivíduos de pele clara, ou por um contexto que não envolva a raça negra.
Nós, negros, sabemos o que os seres humanos reais nos oferecem de desafios. Se os robôs terão funções semelhantes às nossas, no futuro, e o ser humano é a base de orientação, os preconceitos vão se repetir.