Abraçando o black music, o novo single autoral da carioca Márcia Guzzo, o “Acima das Vaidades” é um verdadeiro manifesto em celebração à diversidade e às diferenças. E essa mensagem se traduz em imagens no videoclipe da faixa, que estreou ontem (23), no canal da artista no YouTube. O vídeo tem direção do cineasta e membro da Zulu Nation, Marcio Graffiti; direção de fotografia de Maria Chrisá; e roteiro da ativista indígena Renata Aratykyra.
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Gravado no Rio de Janeiro, “Acima das Vaidades” – que contará com uma versão para PCD com áudio transcrição – traz em suas imagens a arte urbana, o hip hop e a ancestralidade como principais referências. Grafites, muitas cores, coreografias, b boys e b girls, expressões do stiletto, break… Tudo isso faz parte do universo cheio de groove criado para ilustrar a mensagem tão importante da música: a aceitação da identidade afro-brasileira, pautada na discussão do cabelo.
“Eu escrevi essa música há alguns anos quando, de fato, percebi minhas raízes e a minha ancestralidade, quando me entendi como uma mulher afro-brasileira. E o clipe, além de trazer a linguagem urbana e a diversidade para a pauta, busca referências nas expressões artísticas do hip hop, numa forma de explicar todo esse processo”, conta a artista, que no novo trabalho, bebe de influências da soul music, do R&B e do POP.
A composição da faixa é de Márcia e de Aleh Ferreira, com a produção musical de Kassin, lançamento pelo selo Mondé Musical, e a música é a primeira do EP Udayara, que chegará ainda em março trazendo quatro canções autorais e inéditas da artista.
Com o astral lá no alto do começo ao fim, Acima das Vaidades é o tipo de música que não deixa ninguém parado e o clipe não fica atrás. Os jardins do MAM são o principal cenário das imagens. A coreografia original – ensaiada remotamente – foi criada pelo renomado Vini Nascimento, que já trabalhou com tarimbados nomes do POP como Gloria Groove, e que trouxe o estilo heels, uma variante do stiletto para a roda.
“Foi um desafio fazer todos os ensaios à distância, principalmente as coreografias, e também produzir tudo isso durante a pandemia, mas o resultado deixou toda a equipe orgulhosa. Numa forma também de imprimir a diversidade da alma carioca”, conta Márcia, que buscou um casting de patinadores e dançarinos o mais diverso possível.
Além da representatividade, um outro ponto muito importante abordado nas imagens é a ancestralidade. Em diversos takes, “Acima das Vaidades” mostra uma cena em que aparece uma família com três mulheres de diferentes idades.
“A ideia era representar por essa família uma geração de mulheres unidas pelos cabelos. Essa questão é muito forte para mim e remete também à minha própria história familiar e à minha história de vida, que, assim como todo brasileiro negro, tem muitos episódios de discriminação racial”, afirma Márcia Guzzo.
A roteirista Renata Aratykyra, ativista carioca conhecida por seu trabalho cultural na luta por representatividade indígena, comenta a importância de se abordar esse tema.
“O povo brasileiro possui uma miscigenação muito forte, uma ancestralidade que transborda. Independentemente de cor, idade, região… Todos têm ancestralidade e eu quis mostrar um pouco disso, a ancestralidade que existe em todos nós”, explica a ativista.
Para o diretor Márcio Graffiti, o videoclipe “usa de referências do hip hop, da ancestralidade, do feminino, para contar uma mensagem maior que tudo isso: a de igualdade”, concluiu Márcia Guzzo.