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terça-feira, 03 outubro 2023
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Barry Jenkins participa de master class

Em master class, o cienasta, diretor, escritor e produtor Barry Jenkins contou um pouco sobre sucessos como "Moonlight" e "Se a rua Beale falasse".

Eu me lembro de quando Moonlight, dirigido por Barry Jenkins, foi lançado nos cinemas. Nem parece que tanto tempo já passou, mas foi em 2017. Não sei se vocês lembram, mas nessa época a gente mal sabia o que era bolsominion, nem sonhava com pandemia, Mr. Catra estava vivo… Eu fui assistir lá no cinema do Centro Cultural São Paulo (aliás, não sei se vocês sabem, mas – essa dica só vale pra depois que você se vacinar, por favor – o CCSP tem várias sessões gratuitas de filmes) como um evento da Ebony. Ah, cinema, que saudades. E tive a oportunidade de tocar num tema que nunca foi muito falado na minha casa: a sexualidade de homens negros.

Moonlight

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Uma das cenas mais emblemáticas do filme “Moonlight”, dirigido por Barry Jenkins. (Foto: Reprodução)

No filme cujo roteiro foi escrito em apenas 10 dias e que, como descrito por Monique Rangel, é uma adaptação do romance “In Moonlight Black Boys Look Blue”, de Tarell Alvin McCraney, vemos a história de Chiron. Apesar de sua orientação sexual ter causado discussões e de a produção ser uma referência para a comunidade LGBTQIA+, em especial para a comunidade negra deste grupo, não que precisasse, mas o filme é mais do que isso. É um olhar sensível para as vivências e intersecções de um homem negro nos Estados Unidos.

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Hoje mais cedo, discutindo com alguns alunos, falei sobre o quão simbólico o filme “O Amor de Sylvie” era pra mim, no sentido de que pude ver humanidade e multiplicidade nas histórias dos homens negros ali representados. Homens com diferentes histórias, diferentes contextos, diferentes amores e diferentes personalidades. E que, com todas essas diferenças, usavam de suas razões para se relacionar com os demais. Que eram vistos, ou ao menos retratados, como seres humanos.

Para mim, Moonlight cumpre este mesmo papel. E é importante ressaltar que a história de um homem negro não contempla a história de todos os homens negros afro-americanos ou brasileiros ou sul-africanos. É importante porque, apesar de parecer óbvio, muitas vezes nos esquecemos disso. E acho que os dois filmes falam um pouco disso também. Mais principalmente sobre vulnerabilidades e como é importante que os caminhos estejam abertos para que a gente tenha essa discussão pelos homens negros de nossas famílias, mas também que eles encontrem espaço para terem essas conversas entre si.

Barry Jenkins

Se nós, enquanto mulheres negras, reconhecemos a importância de espaços que nos acolham, precisamos reconhecer a importância destes mesmos lugares para os nossos. Para todos nós. Quando Moonlight foi lançado, eu me lembro de ter sugerido para diversos homens da minha família. Alguns, como meu irmão mais velho, tiveram uma reação até melhor do que eu esperava. Outros, não. Mas isso também é uma lição para reforçar a multiplicidade e a individualidade que há entre nós. E o filme criou caminhos para estas conversas acontecerem.

O roteiro do filme foi criado por Barry Jenkins, que é um cineasta americano, formado em Cinema e Artes Visuais pela Florida State University e também foi o diretor-roteirista de “Se a rua Beale falasse”, de 2019. Ambas as produções renderam uma série de prêmios a Jenkins. Uma das formas de reconhecimento de seu trabalho foi um convite para a temporada de master classes do Dodge College of Film and Media Arts, departamento de Cinema e Comunicação da Chapman University, localizada em Orange County, na Califórnia. Antes dele, falaram Bryan Cranston (estrela de “Breaking Bad”), Lena Waithe (primeira mulher negra a ganhar o Emmy de Melhor Roteiro de série de comédia por “Master of None”) e Dee Dee Myers (ex- porta-voz da Casa Branca). O relato, descrito com maestria por Monique Rangel, você confere abaixo.

Master class: Barry Jenkins

Na última quarta, 24 de fevereiro, Barry Jenkins participou de um evento virtual para alunos, professores e convidados da Chapman University. O cineasta americano contou que, em uma viagem pela Europa, ele sentou em um café de Bruxelas e focou toda sua energia em seguir as instruções encontradas na internet sobre como escrever um roteiro. Em 2017, “Moonlight” ganhou três Oscars: Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante para Mahershala Ali. Dois anos depois, Jenkins foi indicado novamente para o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado com “Se a rua Beale falasse”. Esse último também foi escrito em um curto espaço de tempo e na mesma
viagem por terras europeias. Só que, dessa vez, em Berlim. Se quiser seguir os passos de Barry Jenkins, esse é o link do blog que ele usou para estudar estrutura dramática (em inglês): Jessica Bendinger on How I Write.

Ao ser questionado sobre a importância da viagem nos produtos finais, Jenkins disse que “viajar é uma ferramenta dos privilegiados”. De acordo com o cineasta americano, ele lutou para que o filme se passasse em Miami, sua cidade natal. Jenkins também reforçou o papel da vontade na construção de um roteiro e aconselhou aos mais de 500 presentes, na chamada via Zoom, a se entregarem em um projeto que fale do coração. “It comes from a place of love (Vem de um lugar de amor)”, complementou o cineasta.

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