A Revolta dos Malês, lembrada hoje, aconteceu entre os dias 25 e 27 de janeiro de 1835, em Salvador (Bahia).
Há 182 anos, cerca de 600 revoltados rogavam de Alá a força que já não mais tinham. Muitos eram ditos como escravos-de-ganho, extorquidos por brancos apesar de serem considerados livres. Ora, como seriam livres se permaneciam escravos? Libertos ou não, pelo chicote ou pela extorsão, permaneciam desprezados.
Malê quer dizer muçulmano, de origem iorubá, do imalê. De onde vem também o abá, a esperança. O povo malê era cheio de abá. Por isso, resolveu mudar. Era Período Regencial, com o Golpe da Maioridade. D. Pedro II assumia o poder. Em 1835, entre os dias 24 e 25 de janeiro, começou o motim. Não se sabe ao certo. Aliás, o que se sabe ao certo sobre negros?
O povo nagô era liderado por Ahuna, Pacifico Licutan, Sule ou Nicobé, Dassalu ou Damalu, Aprígio, Pai Inácio, Gustard. Queriam libertação dos escravos africanos de origem muçulmana. Tinham abá. Rebeldes, não aceitavam a escravidão e a intolerância religiosa.
Os malês queriam tomar poder, instituir o islamismo e assassinar os brancos. Uma possível consequência talvez fosse a escravização dos não-muçulmanos. Se organizaram com muita eficiência graças também a alfabetização numa língua comum. Essa comunicação era dificultada entre os negros escravizados que não seguiam o Corão. As autoridades reagiram rapidamente. Alguns livros de história – se é que podemos confiar neles – dizem que a revolta teve um delator nagô. Os revoltosos fugiram, mas foram encontrados.
Cerca de 500 escravos e libertos foram barrados na vizinhança do Quartel de Cavalaria em Água dos Meninos. 70 foram os mortos nagôs. 7 foram os mortos das tropas oficiais. As autoridades já matavam muito nessa época. Como hoje ainda matam. 300 foram julgados. Daí, a proibição do Islã por muito tempo. O julgamento?
Pena. Pena de dó. Pena de açoite. Pena de morte.