O Hip Hop é um estilo de vida, isso todo mundo já sabe. Mas por muito tempo a cena era majoritariamente composta por homens e meninas ficavam apenas de canto. Atualmente, depois de muito esforço, podemos ver uma mudança. As mulheres estão ganhando e mostrando sua força. Temos grandes exemplos como Drik Barbosa, as gêmeas Tasha & Tracie, MC Drika, e na Baixada Santista não poderia ser diferente.
Meduza (@meduza.braba), sempre teve um contato muito próximo com o rap e foi a arte que a salvou. “Estava em um momento perdida, sem ânimo. Pensando que não adiantava estudar, era isso que a vida tinha para mim. Foi através do hip hop eu comecei a pensar diferente, porque era isso que o sistema queria para mim. Eu terei que ser mais. ”
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A Meduza do Rap
Quase todo rapper tem que ter um nome de impacto, algo que represente a sua caminhada, por isso Meduza não teve dúvidas quando escolheu o seu.
“É uma figura que representa força, apesar de tudo que ela passou. Sempre chamou minha atenção, e aí pensei esse vai ser o meu vulgo. Medusa, já passou muito machismo e rivalidade feminina, coisas que acontecem com as mulheres, né. infelizmente, desde o começo das nossas histórias, então foi algo que me identifiquei.”
Viver da arte no Brasil não é uma tarefa fácil. Ainda mais com o hip hop, que ainda é marginalizado. A cultura que nasceu na periferia segue abrindo portas para meninos e meninas. Graças a revolução do rap temos talentos que ultrapassam gerações. “Sou mãe, sou MC, já consegui ganhar com a minha arte. No começo parecia impossível, mas hoje vejo que não é.”
Meduza segue buscando seus objetivos de viver totalmente da música e ajudar a família. Para isso, ela sabe o quão importante foi e ainda é o apoio de todos. O rap é um movimento porque une as pessoas, os propósitos e cria conexões por onde passa.
“A principal característica do rap da baixada é a união. Por mais que as cidades são distantes, um coletivo está sempre trabalhando e fechando com o outro, ” relata a rapper.
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Batalha do Caoz
As meninas do rap se deparam com um cenário machista e, para virar o jogo, o jeito foi tomar as rédeas da situação. Em 2017, na cidade de São Vicente, nasceu a batalha do Caoz, idealizada pela Meduza. A ideia deu muito certo, hoje em dia o movimento continua se reinventando e já voltou com as apresentações presenciais em São Vicente, coordenadas pela Gabrie Santos, vulgo @gabitopia.
“Em 2019 produzimos uma mixtape com uma música de cada MC que estavam no front do Caoz como Ganjão, Meduza, Mylin, @777criminosa, Luna e eu, Gabitopia, também convidamos a poeta Maya e a rapper que também é drag Vinih Amorim,” afirma Gabitopia.
A Batalha do Caoz foi criada com o objetivo de trazer mais mulheres para o cenário do rap no litoral sul, mas se tornou uma referência e uma forma de resistência LGBTQIANP + .
“A Batalha do Caoz surgiu após a Meduza Braba presenciar uma rima machista contra o Ganjão, antes conhecido como Tavares MC, o João Pedro. Ele saiu triste da batalha pela rima machista que ouviu, vinda de uma criança. A Meduza sugeriu então fazer uma batalha, entre nós, que teria foco em mulheres, num primeiro momento, pois o João ainda não tinha passado pela transição. Assim que passou uns meses em 2018, ele não ia mais frequentar a batalha “de mina” já que ele tinha entendido que era um menino trans e aí nós vimos a necessidade de ser um espaço LGBTQIANP +.”
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Neste mês a batalha completou quatro anos, sobrevivendo a uma pandemia e mostrando o poder da cultura na vida das pessoas. Além disso, Caoz também cota com um podcast e um documentário, o projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc. Para quem idealizou, é uma maneira de lutar por políticas públicas e realizar um trabalho que vai além das batalhas.
“Então dia 01 de dezembro de 2017 fizemos a primeira edição, um dia de chuva, com menos de 10 pessoas presentes. Desde então somos esse espaço de acolhimento e de produção cultural, em vários sentidos. ”