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terça-feira, 03 outubro 2023
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Por formas de alimentação saudável nas quebradas

Alimentação saudável nem sempre foi uma questão que a gente, enquanto povo preto, pôde priorizar. Na real, muitas vezes a gente sequer podia pensar nisso. Não dava tempo. Ou a gente acabava criando laços afetivos com pratos que de repente não eram as opções mais saudáveis que a gente podia fazer.

Quando eu era pequena, por exemplo, eu amava comer batata recheada com queijo e presunto. Hoje eu nem como mais carne, mas essa continua sendo uma memória afetiva muito importante pra mim. E aí moram duas situações curiosas: primeiro, mesmo sendo uma boa memória, eu sei que presunto não é a coisa mais saudável do mundo. Segundo, recentemente eu contei pra minha mãe que esse era um dos meus pratos favoritos na infância e ela me disse que isso é o que ela fazia quando não tinha mais dinheiro pra comprar carne.

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Você tem condições de ter uma alimentação saudável? E, se tiver condições, tem coragem?

Trazer essa conversa pro debate já é uma questão. Porque, em especial nos últimos tempos, em que tanto tem acontecido, em que tantas pessoas perderam suas casas, seus empregos ou não têm condições de alimentar suas famílias, é óbvio que é no mínimo sensível falar sobre escolher como se alimentar.

Eu quasei falei que era um privilégio. Mas aprendi com a Gabriela, da NoFront Empoderamento, que quando a gente fala de direitos básicos, não é porque o sistema está tão quebrado que muitas pessoas não têm acesso a eles que eles passam a ser privilégios.

Mas me senti particularmente provocada neste sentido depois de ouvir a conversa entre Djonga e Mano Brown, no podcast Mano a Mano, em que Djonga falou justamente sobre a relação que muites de nós estamos criando com a comida e assumindo novas formas de alimentação que antes não víamos serem discutidas por pessoas pretas com muita frequência.

Pensando isso, acabei pensando em algumas questões que podem eventualmente permear nossas ideias quando este tema está em pauta e até em algumas pessoas que podem servir de referência pro assunto.

A nutricionista Cristiana Maymone, que além de compartilhar receitas práticas e deliciosas em sua página no Instagram, fala muito sobre reflexões a serem feitas a partir de nossos hábitos alimentares, nos sugere refletir sobre as imagens associadas à alegria na mídia. Você já viu alguém feliz comendo um pedaço de melancia em alguma série?

Mês passado, a Netflix anunciou que Grey’s Anatomy sairia do catálogo e desde então eu tenho maratonado as temporadas feito doida. E uma coisa que eu tenho observado mais atentamente é o quanto essas pessoas comem mal. Tem sempre alguém comendo batata chips, um sanduíche, batata frita… Quase nunca frutas.

Mas tem gente querendo mudar nisso! Pensei em três pessoas que podem ajudar (sei lá, sempre me ajudam pelo menos):

Chef Camila Botelho

A chef Camila Botelho se concentra em uma alimentação natural, saudável, mas também prática. Eu já fiz algumas receitas que ela compartilha no Instagram e a-mei, são bem rápidas e bem saborosas também.

Samanta Luz

Samanta Luz sempre compartilha receitas gostosas, mas acredite, essa nem é a parte mais importante. Ela compartilha receitas com ingredientes simples e acessíveis – o que já é muito diferente da maioria dos perfis que compartilham coisas saudáveis ou veganas – e ela ainda inventa musiquinhas para cada receita! Ela é muito da hora, sério.

Thallita Flor

Thallita Flor é uma perfeita sem defeitos que aproxima diferentes comunidades da possibilidade de se alimentar de maneira saudável e até começa uma conversa sobre o uso de orgânicos, tudo isso enquanto compartilha receitas contando histórias, piadas e mostrando que é possível morar na favela, viver bem e comer bem (e bonito!).

Aline Chermoula

Pesquisadora da cozinha ancestral afrodiaspórica pelas Américas, Aline Chermoula estuda e compartilha seus conhecimentos nas redes sociais e ensina pratos tradicionalmente africanos acompanhados de suas histórias, como pratos etíopes, que nem é uma culinária tão fácil de achar por aqui.

Chef Aline Guedes

Como seu próprio perfil diz, a chef Aline Guedes fala sobre comida, vinhos, empoderamento e uns bons drinks. O que a descrição não fala é que ela é pesquisadora da alimentação e comensalidade de quilombos remanescentes do Estado de São Paulo e que ela também compartilha receitas e histórias dos quilombos nas redes, sim, mas também em diversos lugares.

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