Enquanto a causa preta não for respeitada, especialmente entre os pretos munidos da consciência da grandiosidade de nossas própria filosofias, articulações e organizações originais desde o continente, que constróem e reestruturam sociedades e o mundo, para além de juízos pessoais de valor, tudo parecerá utopia ou novidade.
Nunca foi novidade que brancos “se aliassem” em correntes de frente, novidade será que não tornem- se protagonistas, mas acessórios voluntários de suas própria vergonha e da certeza de que por escassez de seus próprios recursos das mais diversas naturezas, desde a perversidade da escravidão, não há caminho se não através de nós.
Aliados brancos não existem. Eles tem os interesses deles (mesmo que seja se livrar da culpa) e a isso dão o nome e nos vendem como “bem comum”.
Saiam dessa de brancos aliados.
Não negociem com o tal de bem comum contra o sistema enquanto para nós, esses “aliados” representam o próprio sistema.
Se eles quiserem se jogar na bala da polícia que os defendem e lhes dizem tranquilamente que só matam negros, fazem menos que a obrigação.
Se hackeiam a polícia para que os protestos pretos aconteçam, ameaçam presidentes etc e tal, é a cara deles fazerem mesmo. Foi a história dos seus antepassados e da estrutura racista que criaram, e da qual se beneficiam, que transformou toda vida existente num custo.
Enquanto eles precisam descontruírem- se e nós reedificarmos- nos, a dissimetria dosobjetivos impossibilita que sejam aliados.
Não vá pra grupo rendendo- lhes homenagem por fazerem o justo.
Luana Galdino, preta em diáspora, multicriadora, fisioterapeuta. Mais nas redes sociais @luanagaldino