A cantora Gabi da Pele Preta está lançando o seu primeiro EP, que leva seu nome no título. Integrante de uma geração de artistas pernambucanos talentosos, Gabi faz sua estreia fonográfica depois de projetos no teatro, no cinema e sobretudo da experiência de cantar na noite. Mais do que uma estreia, o EP é um manifesto no qual Gabi canta 4 canções inéditas compostas por mulheres, com letras fortes que retratam o engajamento social da artista, trazendo à tona debates sobre gênero, raça e classe social.
‘Vale Night’ estreia no Star+ nesta sexta-feira
“Tenho muito apreço por minhas primeiras vezes. A primeira vez no teatro, com ‘Amor em Tempo de Servidão’, me inseri coletivamente entre artistas, conheci o primeiro músico que me acompanhou durante sete anos, cantei num teatro pela primeira vez. ‘Ferrolho’, do paraibano Taciano Valério, me apresentou o mundo do cinema. O primeiro show solo com banda na minha cidade, Caruaru, no qual meus amigos se tornaram minha equipe, cuidando de todos os detalhes. E quando as coisas foram tomando corpo e Gabi da Pele Preta efetivamente surgiu, veio a possibilidade de participar do Festival de Inverno de Garanhuns, do Rec Beat, do projeto Conectadas pela Música, que me apresentou ao Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, passei a integrar a equipe da banda Cordel do Fogo, entre várias outras coisas que fiz ao longo dos últimos 18 anos. Mas, dentre todas elas, sou muito grata por essa primeira vez de gravar um EP que leva o meu nome, com composições de mulheres, e uma banda Agrestina que acreditou nesse repertório e criou, junto comigo, essa sonoridade”, pontua Gabi.
Gabi da Pele Preta faz parte da mesma geração de Zé Manoel, Juliano Holanda, Cláudio Rabeca, Isadora Melo, Siba, Isaar e do coletivo Reverbo. “Tenho a impressão que há uma repetição na maneira como os brasileiros ouvem música, no sentido de achar que a música do passado era sempre melhor. Aí, me lembro de Elis cantando Belchior: ‘você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem’. Aos que me dizem que antigamente era melhor, eu faço questão de responder que se pesquisarem, serão capazes de encontrar coisas muito bonitas e potentes desse nosso tempo”, avalia Gabi. “Vivemos um momento bonito da música instrumental cada vez mais cheia de territorialidade, da canção que brinca genialmente com as palavras, e pautas importantes levantadas de forma contundente, mas também irreverente. Eu me orgulho muito da geração a que pertenço e do que fazemos. Me orgulho do coletivo Reverbo, das mulheres compondo cada vez mais, das pessoas pretas e indígenas registrando suas narrativas, e da troca intensa que a internet, até certo ponto, possibilitou entre nós. Públicos e processos que se misturam sempre que a gente se encontra. É lindo”, completa.
A produção do EP é do músico, compositor e poeta Alexandre Revoredo, que acompanha Gabi desde 2017. “Revoredo me viu antes de eu vê-lo, mas foi o seu olhar para mim e para o meu trabalho que me seduziu, porque eu sabia que ali teria uma parceria segura. Juntos nós construímos sonoridade, repertório e uma relação profissional de muito respeito e afeto”, conta Gabi da Pele Preta sobre a construção desse novo trabalho, que quer levar a música de seus pares ainda mais além.
Amplificar vozes é o compromisso de Gabi, conclamando com a sua arte a luta pelas pautas mais urgentes, mostrando toda a potência que brota de sua Pele Preta.