Felizmente, falar sobre corpos diversos tem se tornado um tema cada vez mais comum. Não entendam mal, o objetivo desse texto não é o de sugerir que essa conversa não é necessária. Muito pelo contrário. A ideia é refletir sobre como chegamos até aqui e será que um dia chegaremos no momento em que um corpo preto e gordo, por exemplo, vai poder existir, simplesmente ser, sem que sua imagem represente um ato de superação nas redes sociais por exemplo?
O que incomoda mais: o racismo ou pessoas negras mostrando suas personalidades?
Corpos diversos na mídia
É certo que a mídia não é a grande responsável por todo o mal do universo, mas ela tem uma parcela razoável de responsabilidade na forma como nos enxergamos, sim. Até porque vale aquela velha reflexão de quantas indústrias quebrariam se amanhã as mulheres, por exemplo, acordassem certas de que tudo bem que seus corpos sejam e existam exatamente como são.
Por isso, por mais que pensemos no quanto promover filmes, séries e novelas mais inclusivas do roteiro à atuação traz visibilidade para diferentes questões e por mais que seja importante reconhecer no quanto a chegada de serviços de streaming, por exemplo, colaboraram para que outras narrativas fossem contaas, também é importante refletir sobre o caminho que desejamos trilhar e onde desejamos chegar.
Pouco tempo atrás, o prazer feminino não tinha lugar para discussão nas grandes produções de Hollywood. Hoje, já encontramos produções em que mulheres recebem sexo oral ou ainda que começam seu dia com um vibrador na mão, como bem pudemos acompanhar na última temporada de Insecure e como bem recomenda a Dra. Raíssa Santana.
Essa semana, uma cena do BBB foi bastante comentada nas redes sociais: três mulheres pretas fazendo topless na casa. Mulheres com corpos diferentes entre si que não estavam fazendo topless para fazer uma campanha sobre as diferenças em seus corpos, mas para cumprir uma promessa. Mas, como hoje é inviável que estes corpos sejam discutidos sem esse tipo de contextualização, a rede foi inundada com discussões a respeito do assunto.
Sabendo da importância da discussão de corpos diversos na mídia, mas também pensando em como esse lugar pode ser nocivo à pessoas que às vezes só querem aparecer numa foto do Instagram para serem bonitas, por exemplo, ao invés de uma musa do empoderamento, pensamos em produções que incluam corpos diversos fora de um lugar de endeusamento. Tem mais sugestões aí? Divide com a gente.
Temporada
Não arriscaríamos definir do que se trata o filme. Mas a história, entre outras narrativas profundas e de grandes reflexões para nossas próprias vidas, é sobre Juliana, que é uma mulher que já passou por momentos bastante desgostosos da vida e segue vivendo. E desejando, trabalhando, se relacionando, se conhecendo. Há cenas lindíssimas que retratam diferentes corpos e em nenhuma delas o foco está sob o formato de cada corpo, mas sobre a beleza que existe ali, na cena, na vida, na experiência. Recomendadíssimo.
Insecure
Issa Rae já revolucionou chegando como a segunda a produzir e protagonizar uma série enquanto mulher preta. Na série que ela insistiu em poder chamar de Insecure, há uma diversidade de corpos pretos sob diferentes narrativas e o foco nunca é exclusivamente o que aqueles corpos representam, mas suas formas de existir, as consequências do ambiente em que estão inseridos em sua saúde mental e também em mostrar que as pessoas erram e nem por isso são exatamente boas ou más.
Cinquentonas
Essa talvez não seja sua primeira escolha na Netflix e talvez realmente não tenha muito a ver com o que estamos habituades a ver aqui no Brasil, mas para e pensa em quantas vezes você já se deparou com um filme que tenha 4 mulheres pretas em seus 50 anos discorrendo sobre suas próprias histórias. Além disso, há um filme e uma série que conta um pouco mais da história das personagens e pode levar a outras reflexões.