“Racismo Invisibilizado” é uma pesquisa realizada pelo Aláfia Lab, laboratório de pesquisa que se concentra nas áreas que entrelaçam internet, política e sociedade, em parceria da Zygon, adtech especializada em soluções de mídia programática, que traz informações sobre como o racismo se perpetua em ambientes digitais.
Para realizar essa pesquisa foram coletados 23.470 tweets e os vídeos analisados no Youtube foram vistos um milhão e 700 mil vezes, reuniram 75 mil curtidas e 7630 comentários. Neste relatório foi analisado mais especificamente a repercussão do assassinato de Moïses Kabagambe, entre os dias 28 de janeiro de 2022 a 21 de fevereiro do mesmo ano.
O congolês Moïse Kabagambe, 24 anos, foi morto no dia 24 de Janeiro de 2022 no Rio de Janeiro. Ele trabalhava por diárias em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. A vítima sofreu uma sequência de agressões após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado e veio a óbito. Três homens foram presos após confessarem autoria do crime à polícia.
O primeiro fato a ser analisado é que o assassinato de Moïse só ganha ampla atenção pública mais de 10 dias após o ocorrido. Nem a declaração da mãe do jovem consegue gerar uma onda de comoção nas redes, apenas a mobilização em torno de manifestações de rua elevou o pico de menções ao caso.
A coleta realizada mostra que os comentários sobre o caso tratam majoritariamente da necessidade de justiça (no Twitter) e da violência do ato em si (no Youtube). Em nenhum dos casos, no entanto, mencionam diretamente à questão de raça.
Existem menções relacionadas à questão do racismo, mas de maneira tímida. O tema representa 9,7% das menções no Youtube e 6,7% no Twitter. “Isso significa que, apesar de se indignarem com a violência do caso e clamarem por justiça, a relação entre esse tipo de ato e a questão racial ainda é quase invisível”, explica Nina Santos, Diretora do Aláfia Lab, sobre a análise temática realizada no estudo.
“Episódios violentos contra pessoas negras acontecem todos os dias nos mais diversos cantos do Brasil, mas apenas de tempos em tempos eles ganham o noticiário e a atenção pública. Apesar de atingir um pico de 17.328 mensagens com o nome de Moïse no dia 5 de fevereiro, a atenção ao caso é efêmera. No dia seguinte, o número de menções cai mais de 95% (793tweets) e segue em ritmo decrescente”, finaliza Lucas Reis, CEO da Zygon e Doutor em Big Data aplicada à análise de redes sociais.
- Essa busca coletou 23.470 tweets. Publicados em um período de três semanas que vai de 28 de janeiro de 2022 a 21 de fevereiro do mesmo ano;
- Os vídeos analisados foram vistos um milhão e 700 mil vezes, reuniram 75 mil curtidas e 7630 comentários;
- O assassinato de Moïse só ganha ampla atenção pública mais de 10 dias depois do fato;
- Pico de 17.328 mensagens com o nome de Moïse no dia 5 de fevereiro;
- No dia seguinte, o número de menções cai mais de 95% (793tweets) e segue em ritmo decrescente;
- As menções à questão racial não chegam a 10% em nenhuma das redes analisadas. Representando 9,7% das menções no Youtube e 6,7% no Twitter;
- Os comentários sobre o caso tratam majoritariamente da necessidade de justiça (Twitter) e da violência do ato em si (Youtube). Esses problemas, no entanto, não são diretamente associados à questão de raça;
- Também ganha ampla repercussão no Twitter o posicionamento da ex-BBB Juliette;
- Painel interativo com estudo de caso e gráficos disponível aqui.