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terça-feira, 31 outubro 2023
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#MeuProfessorRacista denuncia racismo em sala de aula

Desde o início da semana, #MeuProfessorRacista tem movimentado as redes sociais – principalmente twitter e facebook. Com o intuito de denunciar o racismo em sala de aula proferido por quem deve não apenas proteger a diversidade mas ensiná-la, a hashtag se tornou mais que um meio de denúncia: é também uma forma de desabafo de uma parcela da população que dificilmente recebe o direito à educação e, quando recebe, é submetida às mais diversas manifestações opressoras e preconceituosas.

Foram denunciadas frases repletas de intolerância ou – pior – mascaradas de elogio. Até que você é uma negra bonita – afirma quem que tem fetiche por negras e sequer esconde isso. Negros têm maior aptidão para esportes do que para ciências exatas – diz quem pertence às áreas que detêm poder socioeconômico. Área de serviço é a senzala da casa – afirma com naturalidade quem dissocia o perigo da comparação. Estou falando de mulher, não de mulher negra – dispara uma professora sem pensar o problema do discurso. Você precisa mesmo fazer faculdade para, pelo menos, ter uma cela especial quando for preso – declara o professor que naturalizou a maioria de negros nos presídios e quer prolongar essa realidade. Você é negra, mas é inteligente – proferiu quem sugeriu oposição para situações não opostas.

Embora essas tenham sido declarações principalmente realizadas durante a faculdade, foram relatados casos nas mais diversas fases escolares, desde o ensino fundamental I até o ensino superior. Na quinta série, uma estudante negra assistia ao riso da sala e de sua professora quando os colegas a apelidavam ‘poodle’, associando o seu cabelo ao pelo do cachorro. Outra aluna negra, quando criança, não tinha os cabelos crespos penteados pela professora: isso era privilégio das crianças brancas e de cabelos lisos.

Infelizmente, as práticas adotadas por professores se estendem aos alunos também. Vale lembrar que o racismo institucionalizado transforma oprimido em reprodutor de opressão. Com ou sem a bênção do professor, a sala de aula pode ser um ambiente bastante hostil: um aluno negro que conheço, com muito carinho, ainda de tom claro e de onze anos de idade ouviu dos colegas que, pelo cabelo crespo, não devia morar em lugar algum; ele é, na verdade, filho de uma das professoras da escola onde estuda e, frente à situação, não apenas cortou o black, mas relaxou os fios.

É uma pena que, apesar da intensidade e importância da hashtag, não possamos citar nome do professor racista e quase não vemos colegas brancos reagindo às declarações com empatia e respeito. Na verdade, a parcela branca das redes sociais tem assistido distante as denúncias dos colegas negros. Todos devem tornar sua responsabilidade a participação no combate ao racismo, principalmente não impondo a reação do negro oprimido nessas situações. Infelizmente, boa parte das pessoas questiona quem sofre racismo e não reage. Na verdade, quem conhece sua ancestralidade e identifica o sofrimento histórico de seu povo, quando sofre, também se sente mal. Que, no lugar dos julgamentos, seja imposto o respeito.

 

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